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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

FORA DA REALIDADE: Lula diz que crise não é responsabilidade de Dilma, que foi criada nos EUA e ataca Aécio


O GLOBO: Em discurso na abertura da Marcha das Margaridas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta terça-feira, que a responsabilidade pela crise econômica não é da presidente Dilma Rousseff, pediu compreensão com erros do governo e atacou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Lula comparou ainda o momento atual com as articulações para seu impeachment durante o escândalo do mensalão.

– Eu sei que o momento não é fácil, já passei por isso e só levantei a cabeça por causa de vocês. Em 2005, os mesmos que estão atacando a Dilma diziam que fariam o impeachmet do Lula. Eu disse: se vocês quiserem me derrotar vão ter que ir para a rua disputar o povo brasileiro – discursou o petista, que foi muito aplaudido.

Lula reconheceu dificuldades na economia, mas isentou Dilma de responsabilidade. O ex-presidente afirmou não saber quem criou essas dificuldades, somente que ela foi gestada nos Estados Unidos e que a oposição tenta jogá-la para a presidente.

– Vivemos algumas dificuldades que não são da presidente Dilma. É aquela dificuldade que não se sabe quem criou. O que sabemos é que não foi o povo trabalhador. A crise não nasceu em Quixaramobim, em Maceió, em Brasília. Nasceu no coração dos Estados Unidos. Tem gente que tenta jogar a responsabilidade em cima da presidente Dilma.

Segundo Lula, essas mesmas pessoas que agora se apresentam como se tivessem soluções para “os problemas do mundo esqueceram que, quando cheguei na Presidência, esse país estava quebrado”. Em um discurso repleto de citações e elogios ao Nordeste, região onde a presidente Dilma foi a mais votada, Lula atacou Aécio, candidato derrotado à Presidência no ano passado.

– Agora estou compreendendo por que na eleição passada um cidadão disse que a Dilma só ganhou porque uns ignorantes do Nordeste votaram nela. Se ele tivesse um pouco mais de paciência e conhecesse um pouco mais o Brasil, ia perceber que parte da comida q vai na mesa dele é produzida por essas mulheres – afirmou o ex-presidente, que chamou os tucanos de “sorrateiros”.

Lula reclamou que a oposição não desce do palanque e pediu compreensão com a presidente Dilma:

– É o momento da gente levantar a cabeça e dizer para a companheira Dilma que o problema que esse país está passando não é só seu, é nosso. Qualquer um erra, nem sempre a gente acerta, sabemos disso, mas quando ela errar, ela é nossa e temos que ajudá-la a consertar.

O ex-presidente afirmou que começará a viajar pelo país e que Dilma já está fazendo isso, citando suas viagens recentes ao Maranhão e a Roraima. Lula tem defendido que Dilma saia do Palácio do Planalto e comece a divulgar uma “agenda positiva”, virando a página do ajuste fiscal.

MARCHA VIRA ATO PRÓ-DILMA E LULA

Os primeiros debates, discursos e painéis que antecedem à Marcha das Margaridas, no estádio Mané Garrincha, foram marcados por discursos de apoio à presidente Dilma Rousseff e também ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Representantes das federações estaduais de trabalhadoras do campo defenderam Dilma e sua permanência na presidência da República.

No palco principal, no interior do estádio, embaixo das arquibancadas, a deputada Erika Kokay (PT-DF), criticou o “golpe” contra Dilma.

— Fomos contra o golpe da ditadura militar e seremos contra o golpe que alguns tentam aplicar contra a presidenta Dillma — disse a deputada, aplaudida por centenas de mulheres que participam do evento.

Em frente ao palco foi colocada uma faixa grande com os dizeres “Fica Dilma. Em defesa da democracia”, assinada pela União Brasileira das Mulheres. Há também um protesto contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Uma faixa, menor, prega o “Fora Cunha”, assinada pela CUT.