G1: Um
levantamento feito pela revista norte-americana “Time” com base nos dados da
agência que regula a aviação civil nos Estados Unidos (a FAA) apontou que
sentar nos assentos do meio (entre outros dois passageiros) e na parte traseira
do avião aumenta as chances de sobrevivência a um desastre aéreo.
Segundo
especialistas ouvidos pelo G1, estatisticamente, a análise tem fundamento, e já
houve acidentes no Brasil em que sobreviveram apenas pessoas sentadas nos
últimos assentos. Mas, ponderam eles, isso não é uma regra e depende das causas
e circunstâncias do acidente.
O
estudo foi feito pela revista (veja aqui) com base em dados da FAA nos últimos
35 anos em que havia sobreviventes e mortos. A reportagem encontrou 17 casos em
que a marcação dos assentos dos passageiros podia ser analisada.
Nestes
casos, foi percebido que nos assentos na terceira parte final do avião, o
índice de mortes era de 32%, comparado com o nível de 39% de mortes na parte do
meio da aeronave e 38% na parte frontal.
Considerando
fileiras com três poltronas, o estudo apontou que as no meio das colunas (entre
outros dois passageiros) e localizadas na parte traseira tinham os melhores
resultados (28% de mortes).
O
pior resultado foi constatado em assentos no corredor e no meio da cabine (44%
de índice de mortalidade).
Contudo,
após o acidente, há maior chance de sobreviver se você estiver perto de uma
saída de emergência, conforme um estudo publicado em 2008 pela Universidade de
Greenwich.
Segundo
especialistas ouvidos pelo G1, estatisticamente, a análise tem fundamento, e já
houve acidentes no Brasil em que sobreviveram apenas pessoas sentadas nos
últimos assentos. Mas, ponderam eles, isso não é uma regra e depende das causas
e circunstâncias do acidente.
Cautela
Especialistas
em acidentes aéreos no Brasil ouvidos pelo G1 dizem que as estatísticas fazem
sentido, mas que os dados devem ser observados com cautela.
O
ex-militar Antonio Gomes Guerra, que estuda acidentes aéreos, se lembra de dois
acidentes no Brasil em que sobreviveram apenas passageiros que estavam nos
bancos traseiros da aeronave. “Estatisticamente, este resultado faz sentido. A
cauda do avião é a parte mais segura, pois está distante dos motores e do
combustível”, defende ele.
Um
dos casos citados por Guerra ocorreu na década de 50: um avião da TAP colidiu
em Recife contra um morro. Sobreviveram apenas três pessoas que estavam nas
últimas cadeiras.
No
outro episódio, em 1962, duas aeronaves colidiram no ar no Rio de Janeiro,
próximo ao aeroporto Santos Dumont. Apenas três marinheiros dos EUA, que
estavam sentados na última fileira, próximos à cauda, de um DC-6, sobreviveram,
segundo Antonio Guerra.
“Após
a colisão dos aviões, o DC-6 da Marinha dos EUA se partiu nos pés destas
pessoas. A cauda caiu como uma folha de 1.500 metros de altura e eles caíram no
mar, sem nenhum arranhão”, diz o especialista.
Circunstâncias
do acidente
Já
o coronel da reserva da FAB Luis Lupoli, que participou da investigação
internacional sobre a queda de um Airbus da Air France no Oceano Atlântico em
2009, que deixou 229 mortos, pondera que o dado vale como estatística, mas que
não deve ser seguido literalmente ou para deixar as pessoas preocupadas.
“O
fator sobrevivência depende da circunstância do acidente. Em caso de pouso
forçado, quem está mais perto da saída de emergência tem mais chance, pois abre
a porta e sai andando”, diz aponta Lupoli.
Por
isso, ele diz que é importante que as pessoas prestem atenção às recomendações
de emergência dadas pelos tripulantes. “Houve um caso que, no meio da fumaça, a
pessoa conseguiu achar a saída de emergência porque havia contado a quantos
assentos estava do local.”
Segundo
a revista “Time, viajar de avião continua sendo muito seguro, em especial se
comparado com outros meios de transporte.
