Medo de colapso no
abastecimento levou população de Currais Novos a parar a cidade ontem e sair às
ruas cobrando adutora
Do
Tribuna do Norte – A problemática da água mobilizou a população do
município de Currais Novos na manhã desta quarta-feira (10). Em um protesto
pacífico em prol da construção de uma adutora para abastecer a cidade, que
corre risco de colapso no abastecimento, mulheres, crianças e até idosos
participaram de uma caminhada, que também contou com a presença de movimentos
sociais, igreja e da classe empresarial de Currais Novos. A cidade é abastecida
pelo Açude Gargalheiras, em Acari, que está com 4,66 milhões de metros cúbicos
ou 10,49% de sua capacidade, o suficiente para atender as duas cidades até
agosto deste ano, segundo medição da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e
Meio Ambiente do RN (Semarh), da última quarta-feira, 9.
Durante
o ato, a cidade parou. As duas vias de acesso ao município foram interditadas.
O comércio fechou as portas em adesão ao movimento e as escolas levaram os
alunos às ruas. A classe empresarial da cidade participou ativamente do
movimento. “O povo de Currais Novos precisa dessa adutora. É uma questão de
vida. Esse sonho precisa sair do papel agora. Não podemos mais esperar”, disse
o empresário e vice-presidente da CDL Jailson Severo. No final do protesto, a
população caminhou em direção à sede do Ministério Público, onde foi entregue
um documento reivindicatório solicitando o engajamento do órgão na luta pela
construção da adutora.
Além
disso, um estudo realizado pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte e doutor em recursos hídricos, João Abner Guimarães, foi anexado ao pedido.
A promotora Mariana Barbalho informou à comissão que irá analisar os documentos
e em seguida notificar a prefeitura e Governo do Estado. “O Ministério Público
está pronto e atento a essa reivindicação”, disse a promotora.
Ações do governo
A perfuração de poços “é a única solução emergencial” para enfrentamento da escassez de água que vem preocupando os 44.528 moradores de Currais Novos, informa o secretário adjunto estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luciano Cavalcanti Xavier. Para o secretário, a solução definitiva para a falta de água na região do Seridó, agravada com a seca de três anos no semiárido potiguar, é a construção da adutora de Oiticica, no leito do rio Piranhas/Açu, à altura do município de Jucurutu.
Segundo
ele, as obras da barragem, com capacidade para cerca de 600 milhões de metros
cúbicos, quando estiver pronta, tem previsão de conclusão para 2015.
O
secretário descarta a construção de uma adutora a partir de São Vicente, pra
trazer água da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, porque tecnicamente “não tem
vazão”. Técnicos e máquinas da Coordenadoria de Hidrologia (Cohidro) da Semarh
já se encontram em Currais Novos para iniciar a perfuração de poços em bairros
periféricos da cidade.
Luciano
Xavier explicou que oito poços já foram alocados e, se depois de perfurados,
houver água e vazão suficientes, os equipamentos serão instalados pela
Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). Quanto ao protesto
ocorrido ontem, em Currais Novos, o secretário disse que o governo “nunca
fechou as portas ao diálogo”.