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Pedro Horácio e Maria, sua esposa. |
Vô
Pedro Horácio era multifuncional: padeiro, pedreiro, eletricista, carpinteiro,
agricultor, comerciante..., além de ter incentivado e deixado sua contribuição
na cultura local. Algumas das suas amizades eram bem específicas: seu Babá era
companheiro de caçadas; já Nelson Lopes, Titito e Paulo Pinheiro eram
companheiros no jogo de baralho. Meu avô tinha um dedo de uma das mãos sem
movimento, consequência de um acidente enquanto consertava um motor, o que não
o impediu de continuar sendo um homem obcecado pelo trabalho. Ele inventava de
tudo, menos a preguiça, a desonestidade e o desânimo. Quando menino, eu junto
dele fui papangu, ajudante de bingo, vendedor de frutas, de rede e por último
era eu quem juntava as bolas no jogo de derrubar latas. No final do dia ele me
gratificava com moedas. Nesta época decorei muitos versos de cantadores de coco
dos seus discos que agente usava para atrair fregueses e lembro-me bem de que
numa véspera de São João, adentrei a noite sozinho vendendo fogos de artifício,
porque ele somente insistia em dançar na rua, com seu jeito gracioso, depois de
tomar quase todas no boteco de D. Raimunda, que ficava em frente.
Meu
avô ainda jovem morava na Paraíba e veio para Japi a convite de seu tio, Manoel
Medeiros, para trabalhar num motor descaroçador de algodão. Nesta época
casou-se com minha vó Maria, ficou aqui e posteriormente tornou-se o homem de
quem toda a cidade dependia para que abastecesse e mantivesse funcionando um
motor que gerava energia para os poucos moradores da pacata cidade, nos anos
sessenta. Depois, junto a seu Manoel Eletricista, com a chegada da energia da
hidrelétrica de Paulo Afonso, foram os primeiros que sem nenhuma formação e
experiência, aventuram-se a continuar prestando esses serviços.
De
meu avô guardo com carinho sua companhia em minha infância, a lembrança dos meus
inúmeros brinquedos inventados e fabricados carinhosamente por ele, cujo gesto
há de para sempre encantar a minha vida. Nunca esquecerei as suas palavras ditas
com o aval já dos seus cabelos brancos no dia do meu casamento, que ainda hoje
me emocionam e ecoam dentro de mim: Conte sempre comigo! Foi ele também que por
último deixou ao meu alcance o exemplo de Homem que soube dignificar a vida, a
família e os amigos em sua passagem por esta terra, coroada com a magia de
minha vó Maria, que ainda hoje me beija as mãos, junto ao seu sonoro e bem-aventurado
Deus te abençoe, que nasce do mais profundo do seu coração.
Maciel Souza.
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