Ao
longo de três décadas de carreira, cheguei muito próximo a celebridades -
muitas vezes de manhã bem cedinho, quando a luz do Sol é implacável com o
make-up artist, como se autodefinem maquiadores que transformam borralheiras em
princesas da Disney.
Ao
longo desse tempo, poucas mulheres me chamaram atenção por algo que vai além do
que se enxerga, um poder sobrenatural que transforma em pó qualquer concorrente
ao redor. Gisele Bündchen, que encerrou a carreira nas passarelas mundiais no desfile
da Colcci na São Paulo Fashion Week, nesta quarta-feira, 15 de abril, era uma
delas.
Pensar
que há 20 anos o nariz de Gisele, quem diria, costumava chegar antes de outras
fatias do corpo da dona nos escritórios dos clientes. Tempo em que só faziam
sucesso modelos com aparência doentia, o estilo “heroin chic”, com olhos
fundos, rostos angulares e narizes tímidos. Tal como uma Carmen Miranda desnuda
de balagandãs, a modelo foi se apresentando com superlativos: o nariz, os
cabelos volumosos e luminosos, as curvas recortando um corpo em formato de Y. ÉPOCA publicou
a primeira matéria de capa de uma revista semanal direcionada à modelo, quando
ela era uma adolescente, em 21 de junho de 1999. Aos 18 anos, ela já negociara
um contrato fabuloso por um dia de trabalho: US$ 35 mil. Quilômetros de
passarela depois, ela tornou-se a primeira brasileira quase bilionária sem ter
herdado de pais ricos. O mérito é todo dela e de quem enxergou além do seu
nariz.
Gisele esteve em dois filmes norte-americanos (Taxi, onde contracenou com Queen Latifah, e O Diabo Veste Prada, com Meryl Streep), foi à festa do Oscar com Leonardo di Caprio (quando ele concorreu por O Aviador, de Martin Scorsese, em 2005), seu namorado de então. Foi e é estrela de diversos comerciais de TV aqui no Brasil.
Pensar que o sonho da “namorada de Popeye”, como já foi chamada na adolescência, era apenas melhorar a postura e comprar um cavalo. Recusada em quase 200 castings – a seleção de um modelos - ela quase desistiu de tudo. Mas ouviu do pai, Valdir Bündchen, autor do livro Como Construir a Si Mesmo, que ela precisaria de um planejamento profissional. Assim, pai e filha assinaram o primeiro contrato, com a agência Elite, iniciando um rigoroso plano de voo.
Gisele
Bündchen com sugestiva camiseta: "O melhor ainda está por vir" (Foto:
Reprodução Instagram)
Gisele,
assim, virou uma máquina de vender, especialmente quando atravessou a fronteira
que separava editorais de moda de luxo e trabalhos comerciais. Assinou contrato
longo com a Victoria´s Secret, no início dos anos 2000, vendeu lingerie como
água de coco e abriu caminho para outras brasileiras.
De acordo com a revista Forbes, publicação que “descobre” as cifras de milionários, Gisele foi a modelo mais rentável do planeta seguidamente por dez anos, entre 2000 e 2010. Ainda é. No último ranking, de 2014, garante-se que ela enriqueceu mais US$ 42 milhões e é uma das mulheres mais poderosas do planeta.
Mãe de Benjamin, 5, e Vivian, 2, e casada há seis anos com o jogador de futebol americano Tom Brady, Gisele mora em Boston e pretende um dia voltar a morar no Brasil, se convencer o astro americano. O formidável disso tudo é que assim como jogadores de futebol, a vida útil de uma modelo chega, no máximo, a essas duas décadas, mas Gisele só fecha uma “lojinha” de seu negócio.
O contrato com a marca Under Armour, fabricantes de materiais esportivos, vai durar, por baixo, mais dez anos, e vai lhe render prováveis US$ 250 milhões, o que significa dizer que ela só está na primeira dupla de anos da carreira. “Ser modelo, para mim, é uma chance de ganhar dinheiro e criar negócios”, disse um dia. Quem há de negar?
Revista
Época
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