terça-feira, 22 de setembro de 2015

Governo injetou meio bilhão de reais para um foguete que não decolou

Entre tantas estatais que sobrevivem exclusivamente de recursos do Orçamento federal, uma delas nunca gerou um centavo de receita e sequer desenvolve política pública. Desde 2006, a Alcântara Cyclone Space (ACS) já consumiu nada menos que meio bilhão de reais (R$ 489,6 milhões) para o lançamento de um foguete ucraniano a partir de Alcântara (MA). O problema é que o lançamento não ocorrerá porque o governo desistiu do projeto e, hoje, apenas gasta dinheiro pagando encargos e salários dos diretores e funcionários da empresa, que se prepara para fechar. 

Somente este ano, a União desembolsou R$ 11,7 milhões, a título de participação do Brasil no capital da empresa. Na verdade, este dinheiro serve para manter a estrutura administrativa em pé, uma vez que os pagamentos ao principal fornecedor, o consórcio formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht para a construção do complexo espacial, já cessaram. Ficou para trás um esqueleto de concreto exposto no Centro de Lançamento de Alcântara, que pertence à Aeronáutica.

O projeto foi abortado justamente porque não havia garantia de que seria viável e rentável — a proposta era permitir à União lucrar com o lançamento comercial de satélites, serviço que tinha até preço: US$ 35 milhões, por lançamento. O lucro seria dividido igualmente entre Brasil e Ucrânia, da mesma forma que as despesas.