quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Pesquisa da UFRN sobre água e transmissão de doenças revela preocupação com casos de câncer em Lajes Pintadas


Estudos realizados nos principais reservatórios da região semiárida do Rio Grande do Norte revelaram sérios problemas de qualidade de água, incluindo a contaminação por metais. Os resultados indicam que a gestão inadequada de recursos hídricos pode ser o principal entrave para a conservação e uso sustentável dos mananciais disponíveis no semiárido brasileiro.

"Observa-se que nesses locais a necessidade de preservação dos recursos hídricos se torna mais eminente e medidas eficazes, sejam tecnológicas ou educacionais, precisam ser implementadas para incentivar a conservação dos corpos d'água", analisa a pesquisadora Viviane Souza do Amaral, do Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A pesquisa realizada pela professora Viviane Amaral mostra problemas enfrentados no município de Lajes Pintadas, situado na mesorregião do agreste do Rio Grande do Norte, a 135 quilômetros de Natal. Com uma população de 4.614 habitantes, a cidade é abastecida pelo açude público construído no ano de 1953 e pela adutora Monsenhor Expedito.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2010, Lajes Pintadas apresentou 415,2 casos de câncer num total de 4.614 habitantes, um número superior ao registrado na capital do estado que foi de 353,5 novos casos (806.203 habitantes). No município, existem afloramentos rochosos com a presença de ionizantes naturais que liberam o gás radônio e, consequentemente, o chumbo para o ambiente.

Os tipos de câncer mais comuns no município são os de orofaringe, estômago e pulmão. A alta incidência de casos de neoplasias na população de Lajes Pintadas pode estar associada à exposição à radiação natural e seus subprodutos como o radônio e os metais pesados, de acordo com a pesquisa.

"Os efeitos da exposição à radiação natural são amplificados pela diminuição da disponibilidade hídrica gerada pelos processos de seca, uma vez que possibilita a concentração desses produtos no açude", destaca Viviane Amaral.

Os estudos identificaram um aumento na frequência de mutações cromossômicas em organismos indicadores expostos as águas do açude de Lajes Pintadas. Além disso, foram registrados altos índices de radiação em 26 pontos distribuídos ao longo do açude e uma alta concentração de metais, em especial o chumbo. Os valores foram significativamente maiores em períodos de escassez hídrica.

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