Não foi erro de digitação nem o estagiário se despedindo com uma bomba. Transplante de fezes existe e já é usado para tratar doenças do intestino. O propósito não é suprir uma ausência de fezes – isso todo mundo produz em quantidade mais que satisfatória, obrigado. Mas levar bactérias benéficas do intestino de uma pessoa para a outra.
Cada dia mais está claro que o microbioma do intestino – também chamado de “flora intestinal”, ainda que não sejam plantas – é mais importante do que se acreditava. Estudos recentes indicam que ele pode desde causar rosácea, um problema de pele tido por genético, a até alterar o humor e comportamento das pessoas. Agora, uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts pretende testar essa mudança de microbioma como tratamento de obesidade. Eles devem fazer isso num período de 12 semanas, administrando as bactérias de voluntários magros a 20 pacientes obesos, com um grupo de controle recebendo placebo.
A ideia não tem nada de alienígena. Em um estudo de 2013 pegou pares de ratinhos gêmeos, um magro, outro gordo, e conseguiu fazer com que trocassem de lugar – isto é, o magro ficou gordo e vice-versa – alterando as bactérias em seus intestinos. Ano passado, uma mulher que recebeu um transplante de fezes para curar uma infecção recorrente acabou ganhando peso vertiginosamente. Isso indica que o microbioma pode ter um papel crucial naquilo que faz com que alguns tenham o poder mágico de transformar 250 gramas de salada em 2 quilos de gordura, enquanto outros podem viver numa dieta de Big Mac à milanesa e permanecerem fininhos.
Ah, deixamos o “melhor” para o final. O transplante é administrado por via oral, através de fezes liofilizadas – isto é, m… seca – dentro de cápsulas. Quem se habilita?
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