O
prefeito municipal de Japi/RN encaminhou um Projeto de Lei Complementar que
alterava o Código Tributário Municipal vigente sob o argumento de que este
estava desatualizado e etc.
O
referido Projeto tramitou na Casa Legislativa por algumas semanas,
principalmente, em razão do meu pedido de vistas, vez que por se tratar de uma
matéria tão delicada precisaria dar-lhe total atenção. Assim, fiz. O estudei
por vários dias, assim como, levei o debate para diversos cidadãos, sobretudo, aos
comerciantes e aos mais humildes do nosso município. Propus audiência pública
para discutirmos um pouco mais com a sociedade e divulgamos em blogues locais,
a fim de dar maior publicidade à matéria.
Meu
requerimento sobre a audiência pública foi aprovado por unanimidade e foi
marcada uma data, porém, infelizmente, não foi possível ser realizada. Vez que
o Presidente da Câmara a cancelou sob o argumento de que iria participar de um
evento no TCE. Apesar de saber que poderia persistir com a ideia da audiência,
preferir não apresentar o pedido mais uma vez porque tinha me convencido de que
o povo de Japi estava consciente do que estava tramitando na Câmara e, que,
portanto, iria nos procurar ou até mesmo comparecer à Sessão da última
terça-feira, a fim de acompanhar a votação e, possivelmente, nos pressionar
para não aprovarmos um Projeto que visava aumentar a carga tributária, assim
como, criar inúmeros outros tributos.
Para
minha surpresa, apenas três cidadãos compareceram à Sessão, o secretário de
Esporte (Sr. Ivan Oliveira), Josenildo e outro amigo.
Entretanto,
como nós vereadores fomos eleitos para representar o Povo do nosso município,
sem sua presença maciça, me sentir obrigado a ser a voz do japiense mais do que
nunca, vez que caso o Projeto que alterava o Código Tributário fosse aprovado,
o japiense iria se endividar.
Confesso-lhes
que me esforcei o máximo possível para convencer meus colegas vereadores, os
quais têm meu respeito e admiração, a serem contrários na íntegra ao Projeto.
Na tentativa de convencê-los, lhes apresentei o seguinte caso hipotético:
A padaria de Chicó e sua relação de
ódio com as cobranças abusivas de impostos por parte da Prefeitura Municipal de
Japi/RN.
O
senhor Chicó tinha uma casa, uma padaria e um terreno, algo perfeitamente
possível. A casa era avaliada em R$ 101.000,00 (cento e um mil reais), a
padaria era muito pequena, assim somente valia R$ 51.000,00 (cinquenta e um mil
reais) e o terreno era avaliado em R$ 51.000,00 (cinquenta e um mil reais).
Pois bem, com esses três bens, Chicó pagará anualmente apenas de IPTU os
respectivos valores: R$ 1.000,00 (casa); R$ 382,00 (padaria) e R$ 637,50
(terreno). Como Chicó tinha uma visão empreendedora, resolveu anunciar seu
produto durante uma hora por dia através de carro de som, logo, a prefeitura
lhe cobrará pela taxa de publicidade ao final do mês R$ 150,00 (cento e
cinquenta reais). Como Chicó produzia em torno de 10m²/ano de lixo no seu
terreno não murado, a prefeitura lhe cobrará R$ 5,00 (cinco reais) por ano
referente à taxa de lixo, cobrará R$ 15,00 (quinze reais) referente à taxa de
lixo da casa e R$ 30,00 (trinta reais) referente à taxa de lixo da padaria. E,
por fim, Chicó da padaria irá pagar a Prefeitura mensalmente o valor de R$
12,50 (doze e cinquenta) de contribuição de iluminação pública em relação à
casa, vez que consome 101 KWh/mês e R$ 200,00 (duzentos reais) em relação à
padaria, vez que consome 801 KWh/mês. Ou seja, levando-se em consideração
apenas alguns impostos e taxas que serão cobrados pelo município de Japi/RN, o
Senhor Chicó da padaria irá pagar todos os meses com iluminação e publicidade o
valor de R$ 362,00 (trezentos e sessenta e dois reais), no final de 12 meses
irás pagar R$ 4.350,00 (quatro mil, trezentos e cinquenta reais); irá pagar
anualmente de IPTU o valor de R$ 2.019,50 (dois mil e dezenove reais e
cinquenta centavos) e taxa de lixo no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais). VALOR TOTAL: R$ 6.419,50 (SEIS MIL REAIS,
QUATROCENTOS E DEZENOVE REAIS E CINQUENTA CENTAVOS), VALOR DE IMPOSTO COBRADO
PELA PREFEITURA DE JAPI.
Será
que Chicó da padaria vai odiar pagar imposto? Sim, sem falar que a padaria do
coitado do Chicó, infelizmente, foi assaltada três vezes durante o ano, vez que
a Polícia Militar de Japi somente patrulha a cidade até às 21h, depois se
recolhe na cidade de Santa Cruz, distante 30 km. E, por fim, Chicó recebeu a
triste notícia de que o governo federal subiu mais uma vez o gás de cozinha,
diesel e gasolina!
Amigos
japienses, Chicó e qualquer outro cidadão ficarão totalmente insatisfeitos em
virtudes de tais cobranças. O brasileiro não aguenta pagar mais imposto e a
atual gestão de Japi deveria ter tido a sensibilidade e evitar este tipo de
Projeto!
Ainda
que traga benefícios para o povo, este momento é totalmente inadequado para
cobrar impostos.
Em
fim, há quem discorde do meu ponto de vista, mas sejamos conscientes e pensemos
no povo de Japi. Hoje mesmo me encontrei com uma cidadã japiense e a mesma
falou que sua fatura de energia estava atrasada porque não estava com condições
de pagar. O valor era de R$ 10,00 (dez) reais, pois ela gastava em torno de 52
KWh/mês de energia. Ou seja, se ela não tinha condições de pagar a fatura neste
valor, imaginemos depois que for cobrada a COSIP, pois no caso dela, a cobrança
somente em relação à COSIP será de 10,00 (dez) reais, ou seja, com o acréscimo,
sua fatura passará a ser o dobro. Detalhe, se não pagar, a COSERN cortará o
fornecimento de energia da sua casa. Ainda bem que na última terça-feira
apresentei um Projeto e o mesmo foi aprovado por unanimidade o qual proíbe a
COSERN efetuar interrupção de energia a partir das 12h da sexta-feira até às
08h da segunda-feira, assim como em vésperas de feriados. Tendo em vista que em
Japi o atendimento bancário é precário, logo, na grande maioria das vezes as
pessoas não conseguem pagar porque não tem aonde.
Amigos
japienses, tem momentos em que não podemos pensar em determinado grupo
político, temos que pensar no POVO.
Vereador Pedro Paulo (PR)
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