A
crise financeira enfrentada pelas cidades do Rio Grande do Norte, em virtude da
redução do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foi alvo de
debates na manhã desta segunda-feira, no América. A Assembleia Legislativa do
RN, em parceria com a Federação dos Municípios do RN (Femurn), e outras
entidades, promoveu Movimento SOS Municípios, encontro de prefeitos,
vereadores, deputados estaduais e federais, senadores para discutir a situação
de falência pela qual passa a maior parte dos municípios do RN. Na ocasião, foi
entregue um documento com pleitos do Movimento SOS aos presidentes do Senado e
Câmara dos Deputados, o senador Renan Calheiros e o deputado Henrique Alves.
O
apelo feito pelos gestores municipais refere-se à política de desonerações
promovida pela União e que atinge diretamente os impostos compartilhados com os
demais entes da Federação. Somada a aprovação de projetos que implicam aumento
de despesas dos municípios sem a devida previsão e repasse e receitas, tal
política resultou, segundo informações da Femurn, na redução do Fundo de
Participação dos Municípios em R$ 6,9 bilhões. Os gestores se queixam também do
congelamento dos repasses financeiros necessários à execução dos programas
federais pelos municípios.
“Da
forma como está, é impossível governar nossos municípios. Espero que o SOS
Municípios possa ecoar no Congresso Nacional. Nos que estamos na base é que
sofremos a carga de responsabilidade. Que o Congresso entenda que os prefeitos
não podem carregar sozinhos, esse fardo. Espero que esse Movimento seja uma
largada para uma vitória que é de todos”, declarou o presidente da Federação
dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), o prefeito do município de
Lajes, Benes Leocádio, na abertura do evento.
O
presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Ricardo Motta falou sobre a
satisfação em participar do evento que, para ele, é um alerta para todo o
Brasil. “Através deste evento, chegará ao Planalto o apelo do RN. Como
municipalista de sou, sinto na pele as dificuldades que os prefeitos enfrentam.
Antes eram só as pequenas cidades que sofriam, mas hoje o problema se expandiu
aos municípios de médio e grande porte. Sabemos que o prefeito é um mero
repassador de recursos e muitas vezes não consegue cumprir nem as folhas de
pagamento. Como vai cumprir as promessas de campanha? Ninguém opera milagre. Sem
recursos não tem como fazer as mudanças. Contem com o apoio incondicional da
Assembleia Legislativa. Os prefeitos precisam de respeito do Planalto. Com a
aprovação da PEC 39, não teremos a solução, mas irá minimizar os problemas”,
declarou.
A
governadora Rosalba Ciarlini afirmou que mesmo o RN sendo um estado pequeno,
que tem enfrentado os efeitos da seca, tem um povo resistente que nunca se
dobrou. “Temos um povo que sabe lutar por aquilo que é seu direito. A hora de
se fazer justiça é essa. É preciso fazer justiça ao povo, e não aos deputados,
vereadores, prefeitos. É o povo que está clamando. Estamos aqui pedindo 2% para
que os prefeitos possam chegar ao final do ano e paguem seus funcionários”,
disse a governadora. Para o vice-governador Robinson Faria, o país que quer ser
lembrado pela justiça social não pode esquecer as cidades. “Estamos vivendo o
momento mais importante da política do nosso Estado, pois temos um potiguar, o
deputado Henrique Alves como presidente da Câmara”, afirmou.
DIFICULDADES
Rodrigo
Garrido Dias, que é coordenador da área jurídica da Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) fez uma apresentação sobre o panorama financeiro dos
municípios brasileiros. Ele destacou alguns pontos preocupantes como a
participação dos municípios na receita da união; o piso salarial do magistério;
piso dos profissionais da saúde; impacto do piso dos agentes comunitários de
saúde.
O
prefeito Benes Leocádio elogiou o desprendimento dos prefeitos em deixar as
divergências político-partidárias. “A bandeira que deve ser erguida é a do
municipalismo do nosso país. Somos nós que sabemos onde nosso sapato aperta. A
presidente Dilma é minha representante, uma grande governante, mas não dá mais
para aguentar. Quando se há interesse, metade já está feito. Cabe a nós manter
a união, a coragem”, declarou.
Para
Benes, na maioria das vezes o governo não enxerga que a carga maior está nos
municípios. “Tive que fazer a triste escolha de Sophia, dizer quem ia receber
ou não o salário. É lamentável, porque esse sentimento não é só meu. O socorro
é para hoje. Não podemos esperar, não adianta promessas, discursos, palavras.
Queremos tirar esse peso das costas. Deputados estaduais, federais, senadores,
vocês se elegem com o voto dos municípios. Chega, basta, não aguentamos mais.
Os pequenos municípios do Nordeste não têm condições de pagar o mesmo piso
salarial a um professor de um município como São Paulo, Curitiba, Rio de
Janeiro ou Porto Alegre”, desabafou Benes.
COMPROMISSO
O
presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Henrique Alves e o
presidente do Senado, o senador Renan Calheiros se comprometeram a levar o
pleito do aumento de 2% no FPM ao conhecimento da presidente Dilma Rousseff. “O
que podemos fazer agora são questões pontuais. Eu e o senador Renan já
conversamos sobre isso e vamos levar o assunto da PEC 39 à presidente Dilma, já
que esse é o pleito mais urgente”, afirmou.
Com
relação ao piso dos Agentes Comunitários de Saúde, Henrique disse que será
votado na Câmara, mas irá interceder para que os municípios não arquem sozinhos
com mais este custo. Sobre a recusa ao Projeto de Lei que trata do piso dos
professores, Henrique informou que levará o pleito ao colégio de líderes,
amanha (22). O último pedido dos prefeitos, referente aos royalties do
petróleo, Henrique também garantiu que irá tratar com a ministra Carmem Lúcia
para que o projeto seja julgado no Supremo Tribunal Federal. “Vou assumir esses
compromissos, ser a palavra do municipalismo do RN”, disse o deputado.
O
senador Renan Calheiros afirmou que ao longo da história do Brasil, todas as
conquistas foram diretamente proporcionais a capacidade de mobilização de cada
movimento social. “É evidente que o Congresso tem obtido muitas conquistas em
defesa dos municípios. Mas também entendo que não basta crescimentos na
economia, se os municípios não tem condições de oferecer aos cidadãos os
serviços básicos. É importante que possamos distribuir os benefícios para o
povo e não dá para fazer isso deixando os municípios nessa situação”, declarou.
Entre
os deputados estaduais que estavam presentes no evento estava o presidente da
Assembleia, o deputado Ricardo Motta, Tomba Farias, George Soares, Getúlio
Rêgo, Leonardo Nogueira, Walter Alves, José Adécio, Gustavo Carvalho, Nélter
Queiroz, Hermano Morais, Antônio Jácome, Márcia Maia, Fábio Dantas, Gustavo
Fernandes, Gesane Marinho, Gustavo Fernandes. Os deputados federais presentes
estavam Felipe Maia, Paulo Wagner, Betinho Rosado, Sandra Rosado e Fábio Faria.
Os senadores Paulo Davim e José Agripino também compareceram ao SOS Municípios,
além do ministro Garibaldi Alves Filho.
DOCUMENTO
Entre
os pleitos dos gestores municipais está a preocupação com propostas que
tramitam no Senado Federal e Câmara dos Deputados que tratam da implantação de
pisos salariais nacionais de enfermeiros e agentes de saúde, dentre outras
categorias. Segundo os gestores, tais projetos terão repercussão nas
administrações municipais.
Além
disso, os prefeitos ratificaram o pedido de aprovação da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 39, de 2013, que altera a redação do art. 159 da CF/88,
aumentando em 2% o repasse para o FPM. Para os administradores, é uma
oportunidade para diminuir o desequilíbrio na repartição dos impostos que atinge
diretamente as Prefeituras.
Os
gestores ainda pedem que seja adiada a votação, pelo Plenário da Câmara, do
Projeto de Lei que institui piso salarial profissional nacional e diretrizes
para o plano de carreira dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de
Combate às Endemias. Para eles, tal providência é de fundamental importância
para se permitir que sejam feitas adequações no texto que possam garantir o
repasse dos recursos para a implantação e reajustes futuros e minimizar o
impacto que a aprovação implicará nas contas dos municípios brasileiros.
Outro
pleito feito pelos prefeitos é para que o Plenário da Câmara dos Deputados vote
o recurso ao Projeto de Lei, originado do Poder Executivo, que determina que a
atualização do piso salarial do magistério público da Educação Básica seja
feita pelo INPC. Segundo representantes da Femurn, a derrubada desse recurso
permitirá que o reajuste do piso nacional do magistério para 2014 tome por base
o INPC e passe dos atuais R$ 1.567 para $ 1.656,95. (reajuste de 5,74%). Caso
contrário, a manutenção do recurso poderá provocar um colapso nas contas
municipais e se projetará para R$ 1.864,73 através de um reajuste de 19%.
Por
fim, os gestores pedem apoio para que, na condição de dirigentes do Congresso
Nacional, o senador Renan Calheiros e o deputado federal Henrique Alves possam
fazer gestões junto ao Supremo Tribunal Federal no sentido de obter celeridade
no julgamento do processo que trata da decisão legislativa de promover uma
distribuição justa dos royalties do petróleo e dos contratos de participação
especial, conforme a Lei 12.734/2012, que teve artigos suspensos em caráter
liminar por decisão da relatora, ministra Carmem Lúcia.
Assinaram
o documento o presidente da Femurn, Benes Leocádio, a presidente da Associação
dos Municípios do Oeste (Amorn), Cláudia Regina Freire de Azevedo, o presidente
da Associação dos Municípios do Litoral e Agreste Potiguar (Amlap), Fabiano
Henrique de Souza Teixeira, o presidente da Associação dos Municípios do Seridó
Ocidental (AMSO), José Vilton Cunha, o presidente da Associação dos Municípios
do Seridó (AMS), Genilson Medeiros Maia, o presidente do Consórcio Vale Unido,
Ivan Lopes Júnior, o presidente da Assembleia Legislativa do RN, Ricardo Motta,
o deputado Tomba Farias, articulador, junto à AL, do Movimento SOS Municípios e
o presidente da Federação das Câmaras Municipais do RN.
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