A Vale vai enfrentar neste ano velhos problemas e um desafio adicional: recuperar a imagem arranhada pela tragédia do rompimento da barragem de sua controlada Samarco, em Mariana (MG). Há um ano, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, previa um cenário difícil em 2015 frente à queda dos preços do minério de ferro e dificuldades na economia global em meio à implantação do bilionário projeto S11D, em Carajás (PA).
Naquela época, a tonelada da commodity estava cotada a US$ 68, quase US$ 30 acima do preço atual, e nem as projeções mais nebulosas poderiam cogitar que a empresa enfrentaria o fator Samarco. O inferno astral da Vale se refletiu diretamente em sua performance na bolsa de valores e, diante da situação econômica do Brasil, levou ao rebaixamento de seu rating por agências de classificação de risco como Moody’s e Fitch.
Como disse o próprio Ferreira, a estratégia de redução de custos e disciplina de capital foi “ofuscada pelo trágico acidente”. No dia 18, a Justiça Federal de Minas Gerais determinou o bloqueio de bens da Samarco e das acionistas Vale e BHP Billiton em ação civil pública movida pela União, reforçando a expectativa de que a Vale terá de arcar com os danos do acidente.
A ação preferencial da Vale fechou o ano valendo R$ 10,25, contra R$ 18,16 de 2014. O tombo dos papéis desde janeiro supera os 40%, enquanto o Ibovespa recuou cerca de 13%. Em 2015, a companhia perdeu R$ 49 bilhões em valor de mercado. Só no período que se seguiu ao desastre da Samarco, foram pelo ralo cerca de R$ 25 bilhões.
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