Endereços falsos foram o ponto de partida para a investigação. No programa, só podem ser beneficiados estrangeiros que vivem legalmente no Brasil.
A Polícia Federal descobriu
uma fraude no Bolsa Família na região de fronteira com o Uruguai. Entre os
beneficiários do programa, foram identificados até estrangeiros e gente que já
morreu.
Endereços
falsos foram o ponto de partida para a investigação da Polícia Federal. Um
terreno baldio, uma caixa d'água e até uma antena de telefonia aparecem como
residências de eleitores na cidade gaúcha de Barra
do Quaraí. Os moradores, na verdade, seriam uruguaios que continuam do
outro lado da fronteira com o Brasil.
“Uruguaios
são atraídos por políticos com uma moeda de troca: o oferecimento de
aposentadorias, de benefícios do Bolsa Família. É para que, em contrapartida,
se inscrevam perante à Justiça Eleitoral como eleitores. E, na próxima eleição,
dão o voto a quem presta esse favor, por assim dizer", explica o promotor
eleitoral Rodrigo de Oliveira Vieira.
No
programa do Governo Federal do Bolsa Família, só podem ser beneficiados os
estrangeiros que vivem legalmente no Brasil. Mas, no país vizinho, encontramos
um homem, que já sacou R$ 716 em 2013. Sem saber que estava sendo gravado, ele
confirmou o endereço em Bella Unión, no Uruguai.
Do
lado brasileiro, mais fraudes. Funcionários da prefeitura recebem o benefício
sem ter direito.
“Agora,
no caso, o cadastro está meio irregular, porque eu não arrumei, faz uns meses
que eu não arrumo. Mas recebo, porque eu acho que era do meu benefício
receber", comenta a funcionária da prefeitura Eliane da Silva Senoranes.
Até
quem já morreu recebia o Bolsa Família. No Portal da Transparência consta que
Marcia Ortiz Dedeco fez saques até janeiro de 2013, mas ela faleceu em 2010. A
irmã dela - que trabalha na secretaria de Assistência Social, onde é feito o
cadastro para o programa no município - não soube explicar a falha e não quis
gravar entrevista.
O
Ministério Público do Rio Grande do Sul já
denunciou 28 pessoas à Justiça por fraude eleitoral, que prevê até sete anos de
cadeia.
No
Governo Federal, o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa
Família, disse que não foi notificado oficialmente das investigações. Mas, em
nota, admitiu que já recebeu outras denúncias de pessoas que ganham o benefício
mesmo morando fora do país.
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