quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

População gasta recursos próprios para consumo de água e para criação de animais

O Blog conversou com a população e criadores de animais pelas cidades da região do Trairi para conferir a situação da estiagem que atinge todo o semi-árido nordestino.

Para muitos, essa é a pior seca dos últimos 50 anos, com estiagem que já dura quase dois anos em diversas áreas do Nordeste, a falta de água mudou a rotina de milhares de famílias, maioria delas carentes de recursos e condições para buscar água e ter acesso a abastecimento, ou ainda recursos financeiros, quando elas não possuem uma renda fixa e dependem da sua produção. Essas famílias carentes são obrigadas a gastar o dinheiro recebido dos programas sociais do Governo Federal, como é o caso do Bolsa Família para comprar água e ainda alimentar a criação de animais.

Em 2013, municípios como Ipueira, Carnaúba dos Dantas, Equador, São José do Seridó, Antônio Martins, Água Nova, João Dias, Pilões e São Francisco do Oeste enfrentaram um colapso de abastecimento por vários dias, além de períodos irregulares de fornecimento. A situação foi destaque em programa de TV, como por exemplo o “Fantástico”, na Rede Globo. Para amenizar a situação, os caminhões-pipa cortam o sertão em ação entre Governo do Estado, Prefeituras e o Exército. No último levantamento eram 6 mil pipeiros responsáveis por levar água a 835 cidades, em nove estados, para quase 4 milhões de pessoas.

A construção de cisternas é outra medida para amenizar a situação, quando em parceria com o Governo Federal, as Prefeituras realizam as obras emergenciais contra a seca.

O ex-secretário de Articulação Política de Santa Cruz, Dudu Medeiros, que também tem criação de animais falou que todos os meses para garantir a alimentação dos animais é preciso tirar do próprio bolso para não sofrer com a morte do rebanho. Alguns dos posseiros próximos aos açudes em Santa Cruz aproveitam a terra fértil às margens dos reservatórios para plantação de capim e garantir o alimento dos rebanhos, além de comercializar parte desse.

Em Coronel Ezequiel, muitos pequenos criadores usam dos seus benefícios, como aposentadoria ou Bolsa Família, para tentar alimentar a pequena criação e viabilizar a pequena lavoura com muito suor. Mesmo com a ajuda do Governo Federal, o Bolsa Estiagem, os criadores não conseguem melhorar a produção diante dos altos custos que o mercado impõe para sustentar a sua produção e criação de animais.

Sítio Novo enfrentou muitos meses sem água no distrito da Serra da Tapuia. Com ligações clandestinas e deficiências do próprio sistema adutor, o distrito viveu uma situação calamitosa, com medidas ridículas adotadas pela Prefeitura, que construiu um chafariz público, que em nada mudou a realidade de dificuldades e emergência da população. Enquanto isso, aliados políticos mantinham suas lavouras bem irrigadas e criação com fácil acesso ao abastecimento.

Apesar da situação caótica, há quem lucre com a falta d’água, ainda em Sítio Novo, os latões, galões e carradas d’água custavam valores altíssimos e que superavam o valor comercial. Alguns poucos que podiam pagar se sacrificavam para fazer isso e amenizar o sofrimento de sia família. Já as camadas mais privilegiadas em nada mudou sua rotina, podiam pagar muitas carradas, muitas vezes com apoio político para manter a boa vida.

Dentro do plano de ação do Governo do Estado, divulgado na imprensa no segundo semestre do ano passado (2013), está a construção de mais de 700 quilômetros de adutoras, 3.400 barragens submersas e 17 mil cisternas, além da recuperação de 60 dessalinizadores e da perfuração de mais de 200 poços em vários municípios.

Na adutora Monsenhor Expedito, que abastece a região do Trairi, terá um incremento de mais 22 quilômetros de adutora. A perfuração de outros 12 poços o sistema adutor passará a fornecer uma oferta de 750 metros cúbicos a mais de água por hora, um aumento de aproximadamente 50% na produção, que deverá beneficiar mais de 240 mil pessoas. Antes era prevista a inauguração em janeiro deste ano de 2014.

Por Wallace Maxsuel

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