Jô critica Dilma e diz que ela não precisa de salário já que ‘é tudo pago por nós’

Jô classificou como ‘demagogia’ e ‘tiro no pé’ a atitude da petista em reduzir o próprio salário em 10%.

Do Jornal de Hoje - Na madrugada desta quinta-feira (8), Jô Soares estava especialmente sarcástico na mesa redonda Meninas do Jô, realizada a cada quinze dias em seu talk show na Globo.

A artilharia de opiniões ácidas não poupou ninguém. O primeiro alvo do apresentador foi a presidente Dilma Rousseff, de quem ele já foi considerado um devotado defensor.

Jô classificou como ‘demagogia’ e ‘tiro no pé’ a atitude da petista em reduzir o próprio salário em 10%, como parte do pacote do governo para atingir o polêmico ajuste fiscal.

Ele concordou com o argumento da cientista política Lucia Hippolito, participante do debate, na defesa de que Dilma não tenha rendimentos do Estado para exercer a Presidência.

“Ela come a comida que a gente paga, mora no palácio que a gente paga, tem motorista que a gente paga. Não precisa ganhar salário.” A plateia concordou com aplausos.

Ao comentar sobre Lula, o showman disse que o ex-presidente atua nos bastidores da política como se já fosse o próximo mandatário a ocupar o Palácio do Planalto.

Ainda fez piada com o depoimento que Lula dará à Polícia Federal, em inquérito sobre parlamentares citados nas delações da Operação Lava Jato.

“Imagina o Lula como dedo-duro. ‘Qual dedo? Esse aqui que eu não tenho?’”, ironizou Jô, em referência à falta do dedo mínimo (‘mindinho’) da mão esquerda do ex-presidente, perdido num acidente de trabalho em 1964, quando ele tinha 18 anos.

O tucano Fernando Henrique Cardoso, vizinho de Jô no elegante bairro de Higienópolis, em São Paulo, recebeu críticas.

O apresentador questionou a razão de FHC contestar na imprensa as manobras políticas da gestão Dilma, mas não explicar as negociações que liderou no Congresso para aprovar as privatizações e a emenda da reeleição que permitiu a ele se candidatar a um segundo mandato.

Por fim, Jô Soares alfinetou o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. O apresentador não disfarçou a irritação pelo fato de o petista ter desmarcado em cima da hora a gravação de uma entrevista.

“Ele caiu ou parece que vai cair”, disse o apresentador, em tom mordaz, dando eco aos boatos de que Cardozo deixará o governo.

Para reiterar a insatisfação com o ‘bolo’ tomado do ministro, Jô leu algumas das perguntas que pretendia fazer a ele.

Outra ocupante da mesa, Lillian Witte Fibe, colocou na mira o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

A jornalista indignou-se com a medida do tucano de tornar sigilosos, por 25 anos, alguns documentos sobre o transporte público do Estado — incluindo dados sobre o metrô e a CPTM, dois órgãos públicos sob suspeita de atuação de cartel em obras e compras de equipamentos.

Além de Lillian e Lucia, participaram do programa a repórter da Globo Cristina Serra e a titular da coluna Painel da Folha de S. Paulo, Natuza Nery.

As edições do Meninas do Jô se destacam pela liberdade de opinião das jornalistas que interagem com o apresentador e o humor às vezes politicamente incorreto. Ali são feitas críticas e ironias jamais vistas nos telejornais da Globo.