Em reunião com o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social) nesta segunda-feira (7), a presidente Dilma Rousseff disse que “eu não só sempre confiei no Michel Temer como continuo confiando”.
O comentário da petista foi feito a propósito de avaliações feitas pelo vice-presidente a amigos de que a presidente nunca confiou nele.
No domingo (6), depois das afirmações da presidente em Pernambuco no dia anterior dizendo que “espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a dará”, o peemedebista comentou com interlocutores: “Ela nunca confiou em mim”.
A avaliação do grupo de Michel Temer é que o Palácio do Planalto busca constranger o vice-presidente a fazer declarações públicas de apoio a ela e de condenação ao pedido de impeachment contra petista. Amigos de Temer dizem que não cabe a ele nem ser advogado de acusação nem de defesa da presidente e que sua posição é que Dilma deveria buscar uma estratégia de unificação nacional e não de confronto.
Nesta segunda-feira (7), assessores presidenciais avaliaram que é preciso distensionar a relação com o vice-presidente e buscar evitar conflitos com o peemedebista. Daí o comentário da presidente, buscando dizer que “sempre confiou no Michel”.
UNIFICAÇÃO
Na conversa com interlocutores, Temer disse que não cabe a ele fazer oposição à presidente nem liderar movimentos para tirá-la do Palácio do Planalto, mas não demonstrou nenhuma disposição em responder a seus apelos. “Por que agora ela quer minha confiança?”, indagou o vice.
Para aliados, Temer não pode nem virar advogado de defesa nem de condenação da presidente, tem de seguir defendendo uma saída que leve à unificação do país.
Em suas conversas neste domingo (7), o vice-presidente afirmou que a presidente deveria assumir esse papel de pacificação nacional, fazer gestos nesse sentido, no que os dois estariam de acordo, mas até aqui ela tem preferido partir para o confronto.
O peemedebista voltou a ser aconselhado a atuar como observador e de voltar a submergir, como fez em setembro depois de afirmar que seria difícil a presidente petista concluir o mandato se seguisse com popularidade tão baixa. O vice está preocupado com as repercussões de seu posicionamento, que estariam passando a imagem de que ele estaria “conspirando”.
Um interlocutor diz que Temer não pode impedir que amigos defensores do afastamento da petista façam suas articulações, mas ele pessoalmente não pode, nem vai comandar nenhuma operação neste sentido.
Temer, nesta segunda-feira (7), não participará da reunião de coordenação política com a presidente. Estará em São Paulo, onde vai se encontrar novamente com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), em um evento do Grupo Lide.
Os dois já estiveram juntos no sábado (5), na casa de um amigo comum. Nos bastidores, líderes tucanos admitem que não poderão “se furtar” a apoiar um eventual governo Temer, caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada do cargo.
Na noite deste domingo (6), Temer se reuniu com integrantes do PC do B em São Paulo.
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