A Federação Paulista de Futebol (FPF) divulgou uma nota oficial na noite desta terça-feira exigindo que a Comissão de Clubes da CBF assuma a organização, de fato, das séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro. O documento é assinado pelos presidentes de Bragantino, Corinthians, Oeste, Palmeiras, Ponte Preta, Santos e São Paulo. Em reunião na noite de segunda na sede da FPF, eles chegaram à conclusão de que não adiantava fazer oposição à manobra de Marco Polo Del Nero de convocar eleições para a vice-presidência deixada vaga com a prisão de José Maria Marin e decidiram apoiar, em bloco, a candidatura do coronel Antonio Nunes, presidente da Federação Paraense de Futebol.
A contrapartida seria justamente uma maior autonomia dos clubes dentro da CBF, da organização do campeonato a mudanças na Comissão Nacional de Abitragem. “Entendemos, em conjunto, que chegou a hora de os clubes assumirem o protagonismo dentro da CBF. Unido, o futebol paulista reivindica que a gestão da CBF conduza um processo de transição para mudanças profundas no modo de administrar o futebol. Este, na nossa visão, esgotou-se e precisa ser reconfigurado, como ficou evidente após os recentes escândalos no nosso esporte. A primeira medida que será cobrada prevê que a Comissão de Clubes da CBF comande efetivamente a organização das Séries A, B, C e D do Brasileiro. Defendemos que deve caber a esta comissão atuar de forma direta na elaboração do calendário do futebol nacional, na condução de todas as negociações comerciais e de marketing que envolvam os campeonatos brasileiros, além de promover mudanças no atual modelo de arbitragem”, diz a nota.
Um dos maiores opositores do presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto, o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, defendeu a convocação de novas eleições para a presidência da CBF caso Del Nero renuncie. Pelo estatuto, Peixoto, que tem 74 anos, assumiria a presidência por ser o vice-presidente mais velho da entidade. Como o coronel Nunes tem 77 anos, poderia assumir o cargo se for eleito vice no lugar de Marin, na manobra articulada por Del Nera para manter seu grupo político no poder em caso de renúncia.
– Se você chama de manobra, não chamo. Vejo isso como uma atitude responsável pelo bem do futebol brasileiro. Estamos elegendo um vice no lugar de outro que foi banido, o Marin. Na linha sucessória, inicialmente era o Marin. O resto é ilação. O presidente continua sendo o Del Nero. No meu entender, se ele deixar de ser o presidente, temos que ter eleições imediatamente. Temos que nos proteger de uma eventual destituição. Não preciso conversar com ele (coronel Antonio Nunes), porque ele vai ser eleito apenas vice-presidente. Antes ele do que outros. Nunca se pensou em outro que hoje se arvora como legítimo possuidor de cargo. Ele não tem cargo de nada – disse Modesto referindo-se a Delfim Peixoto.
O presidente do Santos também rebateu as críticas de Peixoto, que criticou o clube por ter escalado o time reserva nos jogos contra Coritiba e Vasco, o que teria prejudicado as equipes catarinenses que brigavam contra o rebaixamento:
– O Santos não deve satisfação a ninguém das suas escalações. Os times dele (presidente da Federação Caterinse de Futebol) que tenham responsabilidade de disputar o campeonato. E não reclamar dos outros. Eu jogo de acordo com a minha necessidade. E minha necessidade naquele momento era poupar os jogadores para disputar a final da Copa do Brasil.
Modesto deu um tom ainda mais impositivo à nota oficial da FPF:
– Não são reivindicações. São exigências dos clubes de São Paulo para fortalecimento e protagonismo, independente de quem esteja no comando da CBF, seja o Marcos Vicente, o Fernando Sarney, o Peixoto ou qualquer um.
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