O texto a seguir foi transcrito do livro JAPI,
TERRA QUERIDA em fatos e fotos, páginas: 62,63,64,65,66,67,68,69, que segundo a
Editora CJA Ltada-ME, possivelmente, o livro será lançado no dia 13/01/2018, na
E. E. Cel. Manoel Medeiros (ensino fundamental).
Este livro será uma riquíssima obra
pioneira que apresentará os principais fatos ocorridos na localidade desde o
período colonial até os dias atuais: a extinção da tribo Cariri, a chegada dos
primeiros posseiros, a formação das primeiras fazendas, o períodos dos
tropeiros, a formação do primeiro grupo de moradores, a principal fonte
econômica da localidade, o quadro atual do município e sua tendência para o
futuro.
Esta obra é composta de 460
páginas que trarão muito prazer e emoções, em breve.
João Pedra, o saudoso Bajau e a saudosa Maria Áurea de Medeiros me
informaram que nas Guaribas, Sítio que pertence ao município de Araruna/PB, no
final do século XIX, morava José Vicente de Medeiros, amigo de Pedro Tolentino
da Costa, desde a época em que Pedro também morava na Paraíba, na localidade de
Lagoa Cavada.
Nas Guaribas, José Vicente de Medeiros possuía uma propriedade. Naquela
época, era costume dos amigos, principalmente fazendeiros, fazerem visitas uns
aos outros. Certo dia, José Vicente saiu das Guaribas e veio visitar o seu
amigo Pedro Tolentino, que morava na localidade de Japi e, nessa ocasião, ele
conheceu a filha do amigo Pedro Tolentino da Costa, que se chamava Torquata
“Santinha”, e logo pensou num possível casamento dela com um de seus
filhos.
Conforme depoimento de José Honorato (Zé de Regina), que é primo de
João Pedra, logo que Manoel Vicente voltou à sua residência tratou o assunto
com seu filho mais velho, Martins de Medeiros. Porém, esse rejeitou a ideia do
pai. Então, José Vicente de Medeiros pensou noutro filho. Manoel José de
Medeiros. Levou a proposta a ele, e ele concordou com a ideia do pai.
Segundo João Pedra, dias depois, Manoel resolveu ir novamente à casa do
seu amigo; montou-se numa égua e partiu em direção às terras do Japi. Antes da
hora do almoço, Manoel chegou à casa de Pedro, desceu de sua égua, aproximou-se
da porta e falou: “Bom dia, Pedro!”. Pedro saúda o seu amigo e diz: “Vamos
entrar e sentar-se!”. Manoel pede licença, abraça o amigo e senta-se. Pedro dirige
a palavra à sua esposa: “Mulher! Faça um café para Manoel!”. O café é servido,
Manoel toma aquele “café grosso”, forte, feito com rapadura brejeira e em
seguida agradece a Deus.
Conversa vai e conversa vem, nada de tocar no assunto e chega a hora do
almoço, logo a refeição foi servida, todos almoçam e agradecem a Deus por tudo.
Minutos depois, Manoel chama Pedro e saem em direção à varanda, sentam-se e
começam a conversar.
Depois de alguns papos, há um silêncio. Pedro se toca e faz a seguinte
interrogação: “Manoel, diga mais alguma coisa?”. Manoel lhe respondeu: “Uma
coisa muito importante me fez vir até aqui”. E, então, Manoel continuou:
“Pedro, o principal motivo de mim está aqui é que eu resolvi oferecer o meu
filho Manoel José de Medeiros para casar com sua filha. Se você concordar, será
uma alegria muito grande para mim e minha família”.
Logo após desabafar e expor seu desejo, Manoel elogia o filho e reforça
o pedido. “Pedro! Manoel José de Medeiros é um rapaz muito direito, trabalhador
e ‘ajuntador’, vamos fazer o casamento de sua filha com o meu filho Manoel?”.
Pedro então respondeu: “Se Santinha (Torquata) quiser, eu não sou contra”.
Manoel Medeiros, ouvindo a resposta que foi muito agradável a sua alma,
dirigiu-se a Pedro e pondo a mão no ombro do velho amigo, disse-lhe: “Vou
trazer o meu filho para você e sua filha conhecê-lo”. E assim combinaram. Logo
marcaram o dia dos dois jovens se encontrarem. No dia marcado, Pedro fez um
pequeno banquete e ficou aguardando a chegada daquele que provavelmente seria
seu genro. No dia marcado, Manoel chegou com o seu filho à fazenda de Pedro.
Desceram dos cavalos e foram em direção à porta. Ao lado de Manoel José de
Medeiros estava seu filho. Logo chegou Pedro Tolentino, e Manoel saúda o amigo
e apresenta-lhe seu filho. Pedro olha muito admirado para aquele jovem de boa
presença, que estava bem vestido com um lindo terno, pegou na mão dele e em
seguida abraçou-o, dizendo-lhe: “Seja bem-vindo, meu jovem”. E imediatamente
chamou Torquata, que se encontrava num quarto. Quando ela o avistou, quase não
disse nada, de tanta emoção e felicidade. Tudo porque aos seus olhos, Manoel
parecia um príncipe. Então Pedro Tolentino dirigiu-se à sua filha e disse:
“Esse aí é seu futuro esposo, minha filha!”. Então, ela olhou com os olhos
brilhando e com um sorriso de criança e falou: “Então está certo, meu pai”.
Assim, marcaram a data do casamento para 02 de abril de 1902.
Segundo a certidão de casamento que Maria Zélia de Medeiros possui,
Manoel José de Medeiros e Torquata Leopoldina Tolentino da Costa se casaram no
dia 2 de abril de 1902. O casamento foi celebrado por um padre da cidade de
Araruna, na Casa Grande do Sótão, na fazenda de Pedro Tolentino da Costa. Veio
também o Juiz Distrital, Ezequiel Mergelino de Souza, da cidade de Santa Cruz[1],
que oficializou o casamento civil.
O nome da mãe de Manoel José de
Medeiros era Bertina Maria do Espírito Santo. Filha de agricultor. Ela e seu
esposo, Manoel Vicente de Medeiros, residiam no Sítio Guaribas, município de
Araruna. E o nome da mãe de Torquata era Francisca Maria da Conceição.
Logo após Manoel e Torquata se casarem, os dois foram morar na casa
velha que antes morou Pedro Tolentino, a qual hoje pertence ao seu filho
Antônio Medeiros (Seu Tota).
Em 10 de
março de 19 26, após a morte de Pedro Tolentino, Manoel José de
Medeiros mudou-se, dessa vez, ele foi para a casa grande da Ubaia, ou Casa do Sótão,
na qual residia antes seu sogro. Nessa casa, Manoel José Medeiros permaneceu
até o dia de sua morte, que ocorreu em 31 de outubro de 19 59, sendo sepultado na
capela de São Sebastião, que ele mandara construir em 1936 no povoado de Japi,
numa área onde atualmente fica o bairro Alto São Sebastião[1].
Manoel José de Medeiros nasceu em 5 de dezembro de 1877 e sua esposa,
Torquata Leopoldina da Costa, em 23 de agosto de 1882. Deste casal, surgiu uma
grande família que hoje é conhecida em toda parte do município de Japi pelo
nome de “família Medeiros”, a mais
tradicional e ilustre do lugar. Inclusive, quando alguém que é de Japi
encontra-se com outra pessoa em outro município, algumas vezes surge a seguinte
pergunta: “Você é de Japi dos Medeiros?”.
Em 11 de fevereiro de 1903, Torquata pariu duas crianças, foram elas:
José Medeiros e Pedro Medeiros. Porém, depois de poucos meses, Pedro morreu.
Por isso, a primeira criança, do sexo masculino que Torquata pariu após a morte
de Pedro Medeiros, opôs-lhe o nome de Pedro Tolentino de Medeiros. Depois, ela
teve outros filhos. Veja abaixo os nomes dos filhos e netos de Manoel José de
Medeiros e de Torquata Leopoldina da Costa.
NOME
|
NASCIMENTO
|
MORTE
|
José da Costa de Medeiros
|
11/02/1903
|
06/03/1977
|
Maria Áurea Medeiros Brandão
|
19/07/1904
|
16/02/2004
|
Pedro Tolentino de Medeiros
|
28/05/1909
|
29/05/1992
|
Francisco de Assis de Medeiros
|
10/03/1912
|
26/02/1986
|
Severina Dantas de Medeiros
|
02/12/1912
|
06/01/1983
|
Manoel Medeiros Filho
|
11/11/1916
|
31/07/1967
|
Antônio Medeiros da Costa
|
10/09/1918
|
|
Francisca Dantas de Medeiros
|
26/12/1921
|
14/08/1914
|
FILHOS
DE JOSÉ DA COSTA DE MEDEIROS
|
|
HOMENS
849968
|
MULHERES
8409046
|
José Guedes de
Medeiros
|
Francisca G. de Medeiros
|
FILHOS DE PEDRO TOLENTINO DE MEDEIROS
|
|
HOMENS
|
MULHERES
|
Francisco J. de Medeiros (Jodova)
|
Francisca Amelina de Medeiros
|
Francisco N. de Medeiros (Nilton)
|
Francisca Leonor de Medeiros (Niná)
|
Francisco A. de Medeiros (Neno)
|
Francisca Aparecida de Medeiros (Tinca)
|
Francisco T. de Medeiros (Titito)
|
Francisca Lindalva de Medeiros (Francinete)
|
Francisco X. de Medeiros (Xavier)
|
Francisca Eliane de Medeiros
|
Francisco C. de Medeiros (Carlinho)
|
FILHOS DE FRANCISCO DE ASSIS DE MEDEIROS
|
|||
HOMENS
|
MULHERES
|
||
Pedro A. de Medeiros (Seu Pedrinho)
|
Marlene de Medeiros
|
||
Francisco
Assis de Medeiros (Nonô)
|
Maria de L. de Medeiros (dona Lourdes)
|
||
José Darci de
Medeiros
|
Maria José de Medeiros (dona Dedé)
|
||
Tarcísio Araújo
de Medeiros
|
Maria Zélia de Medeiros (Zélia de Titito)
|
||
Maria Salete de Medeiros
|
|||
Maria Aparecida de Medeiros
|
|||
Maria de Fátima de Medeiros
|
|||
FILHOS DE SEVERINA DANTAS DE MEDEIROS
|
|||
HOMENS
|
MULHERES
|
||
Manoel
Gomes de Medeiros
|
Marieta Gomes de Medeiros
|
||
-
|
Maria Gomes de Medeiros
|
||
FILHOS DE MANOEL MEDEIROS FILHO
|
|
HOMENS
|
MULHERES
|
Francisco
Medeiros Sobrinho
|
–
|
FILHOS
DE ANTONIO MEDEIROS DA COSTA
|
|
HOMENS
|
MULHERES
|
José Pinheiro de Medeiros
|
Maria Pinheiro de Medeiros
|
José Antomar P. de Medeiros
|
Irene Pinheiro de Medeiros
|
Maria de Fátima P. de Medeiros
|
|
Maria Das Dores P. de Medeiros
|
FILHOS
DE FRANCISCA DANTAS DE MEDEIROS
|
|
HOMENS
|
MULHERS
|
Amadis Pontes de Medeiros
|
Maria Antonieta P. de Medeiros
|
Amauri Pontes de Medeiros
|
Maria do Socorro P de Medeiros
|
João Pontes de Medeiros
|
Maria do Carmo P. de Medeiros
|
José Humberto P. de Medeiros
|
Maria de Fátima P. de Medeiros
|
Maria Ladjane P. de Medeiros
|
|
Linda Pontes de Medeiros
|
3.4.4 A política local: o coronel Manoel
José de Medeiros
Manoel José de Medeiros ou “coronel Manoel Medeiros”,
patriarca da família Medeiros, nasceu no dia 05 de dezembro de 1877, em
Guaribas, município de Araruna/PB. Quando ainda jovem, veio morar na localidade
de Japi, casou-se com a jovem Torquata Leopoldina da Costa, filha de Pedro
Tolentino, o maior proprietário de Japi naquela época.
Após a morte de Pedro Tolentino, as
terras e economias que lhe pertenciam ficaram como herança para Torquata e
Manoel José de Medeiros. E, a partir daí, Manoel Medeiros tornou-se o maior
pecuarista da região japiense. Além da pecuária, ele impulsionou de tal forma a
agricultura algodoeira, que esta região chegou a ser uma das maiores produtoras
de algodão durante quase todo o século XX.
Homem de trato fino, muito educado,
experiente e com uma capacidade qualificada na área agrícola, foi se tornando o
maior latifundiário desta região, a ponto de o povo de Japi chamá-lo de
“coronel” Manoel Medeiros.
Manoel José de Medeiros tinha um jeito
simples e amigo de lidar com as pessoas, bem diferente da forma convencional
pela qual os coronéis do campo tratavam a população.
A manifestação do poder desse senhor,
que o povo da localidade o tinha como coronel, abrangia toda a região do
Trairi, e influenciava até a política local. Por isso, seu filho Pedro
Tolentino de Medeiros foi o primeiro prefeito eleito pelo voto popular na
cidade de Japi. Cabe ressaltar que quase todos os líderes políticos que
surgiram até hoje nesta cidade são descendente da família Medeiros ou recebeu
ajuda dela para se eleger. Entre tantos, o que mais se destacou no cenário
político regional foi Francisco Medeiros Sobrinho, que assumiu por várias vezes
o cargo de prefeito: três vezes na cidade de Japi, e uma vez na cidade de Santa
Cruz, cidade metropolitana do Trairi. Francisco Medeiros também apoiou e ajudou
a eleger vários políticos em Japi e em Santa Cruz. Eis os nomes de alguns
políticos que foram apoiados por Francisco Medeiros: Gentil Pinheiro prefeito e
vice-prefeito, Tarcísio Araújo de Medeiros vice-prefeito, Antonieta Pontes de
Medeiros prefeita, José Antomar Pinheiro de Medeiros vice-prefeito, e ainda
tentou eleger Jodoval Ferreira de Pontes prefeito deste município em 2008, que quase
ganhou a eleição daquele ano. Perderam por pouco. Porém, fortaleceu de tal
forma o político Jodoval Ferreira, que na campanha de 2016, com o apoio do
filho de Francisco Medeiros Sobrinho na chapa majoritária como vice-prefeito
venceu. Foi de fato por causa desse apoio que Jodoval ganhou a eleição com
facilidade.
No início da segunda metade do
século XX, a economia do povoado de Japi era totalmente agrária, pois a maioria
da população habitava na zona rural e viviam apenas da agricultura, e quem
controlavam essas áreas eram os proprietários. Vale ressaltar, que o maior
proprietário de terra e criador de animais daquela época era o Sr. Manoel José
de Medeiros. Ele controlava toda a economia e as principais decisões desta
região. Naquela época, alguém só conseguia o título de coronel se comprasse ou
se as autoridades lhe concedessem. É importante destacar, que o título de
coronel, o Sr. Manoel José de Medeiros nem comprou e nem foi lhe concedido. A
população de Japi era quem o considerava um coronel por vê-lo como o maior
líder desta região e se relacionar muito bem com sua gente. Foi um título
informal e natural.
1.11.5 Os dois grandes latifundiários da
família Medeiros depois da morte do Coronel
Em 31 de outubro de 1959, o
patriarca da família Medeiros, Manoel José de Medeiros, faleceu. Depois disso,
no comando dos filhos de Manoel José de Medeiros, a economia agropecuária da
família continuou crescendo cada vez mais em toda a área do município de Japi. Dessa vez, no comando de Manoel Medeiros Filho (Neco
Medeiros), um de seus herdeiros, que em 1962 já
concentrava em suas mãos muitas riquezas. Tanto que, na década de 1960, ele já
era considerado o comprador e produtor de algodão e também comprador de couro e
criador de rebanho mais rico deste município.
Fonte: Foto
do cervo da família Medeiros. (Manoel M. Filho e sua neta Sânzia Medeiros)
A ascendência de Francisco Medeiros Sobrinho (Francisquinho) na
agropecuária
Fonte: Foto
do acervo da família Medeiros. (Francisquinho)
Em 31 de julho
de 1967, Manoel Medeiros Filho (Neco Medeiros) faleceu e deixou todas as suas
riquezas para seu único filho, Francisco Medeiros Sobrinho, que zelou e cuidou com
muita responsabilidade de tudo aquilo que seu pai deixara em suas mãos. Tanto
que, em 1980, ele já era o destaque da família Medeiros, com desempenho
bem-sucedido na agricultura, principalmente nas décadas de 70, 80, até meado de
1990, quando foi considerado um dos maiores latifundiários do Rio Grande do
Norte, e o homem[1] mais
rico da região do Trairi. Por volta de 1980, Francisco Medeiros Sobrinho
já possuía mais terras do que o seu avô Manoel José de Medeiros quando faleceu.
A prosperidade dele era muito grande. E a tendência era crescer muito mais.
Tudo advindo da produção agropecuária. Nessa mesma década, ele comprou quase
todas as heranças que seu avô Manoel José de Medeiros deixou para seus tios.
Todavia, o grande latifundiário Francisco Medeiros não se limitou só a esta
região. Atravessou as fronteiras intermunicipais e estaduais. Vale salientar
que, com o crescimento econômico advindo da produção do algodão e da criação de
rebanhos, principalmente bovinos, comprou outras propriedades nas cidades mais
próximas: Santa Cruz, São Bento do Trairi, Campo Redondo, São Tomé, São Paulo
do Potengi e nos Estados da Paraíba, Piauí e Pará, onde atualmente os seus
filhos, Ivanilson Medeiros e Sânzia Medeiros, criam muitos animais.
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