(Maciel)
Quando era criança
lembro que li sobre a história de um fantasma, preso em uma detenção. Certo dia
falou para o carcereiro que iria juntar seus pertences para ir embora dali. O
carcereiro não levou a sério e com um sorriso no rosto, desconsiderou a gravidade,
mas comentou com o delegado. Este saiu em desespero em direção à cela do tal
prisioneiro e lá chegando a encontrou vazia.
Já minha leitura de
hoje foi na parede do comércio de Diassis de Bibi, vizinho a minha casa. Os
dizeres em pichação eram: A PATI DA MANHA U BAGULHO VAI FICA DOIDO TA LIGADO.
Ao contrário do carcereiro, não consegui rir, levei a sério, e desde já,
aguardo o pior, mas quero também comentar com alguém. A tudo isso tenho
assistido pávido, sem o colosso da esperança, sem o trunfo da contrapartida
para o domínio da situação. Os ensaios são antigos desde primeiros rabiscos em
órgãos públicos até símbolos desrespeitosos na casa paroquial, desbocando em
assaltos de bens particulares, de bens públicos e agora dois dias depois de
ameaçarem abrir um caixa eletrônico no posto de atendimento do Bradesco. Neste
caso não havia dinheiro e os bandidos nem chegaram a causar maiores prejuízos,
mas a gerência considerou a gravidade e acionou as autoridades: a área foi
interditada, foi feito boletim de ocorrência, peritos colheram provas e horas
depois o coronel Francisco Araújo Silva, comandante geral da policia militar do
RN, através da imprensa deu detalhes do ocorrido.
Temos que agir
assim e não podemos silenciar. A parede lateral da loja Maré Móveis também
amanheceu pichada. Momentos depois os funcionários tentavam apagar tudo. No
caso do Bradesco deve haver um seguro que cobre todos os danos, mas
independente disso, o procedimento foi exemplar, o que poderia ter sido feito
pela loja Maré Móveis, até pela repercussão que causaria, uma vez que o
ocorrido não deixou também de ser uma afronta, uma invasão à propriedade
alheia,pois não há diferença entre pichar um carro, ou pichar uma
parede. O que discuto neste caso não é o prejuízo financeiro e sim o constrangimento
causado. O Bradesco, independente de seus interesses nos fez um grande bem,
pois nos colocou em evidência, fez-nos aparecer na mídia, nas estatísticas,
retirando parte de nossa máscara de cidade pacata ou cidade fantasma.
Não podemos
silenciar, não devemos nos acostumar e temos que encarar os fatos de frente.
Temos sim um consumo desenfreado de drogas entre jovens e adolescentes, alto
consumo de bebida alcoólica, poluição sonora, poluição visual, roubos, invasão
de privacidade e inúmeros relatos de agressão física ou psicológica. E neste
cenário o aviso foi dado num emaranhado de letras confusas, desenhando um
futuro profético ofuscado na miséria, mas que consegui traduzir: Amanhã o
bagulho vai ficar doido!Tá ligado?
Eu sei que cansa,
mas a esta altura sejamos sóbrios com este pacote social e façamos barulho sim,
desde os órgãos públicos, passando pela casa paroquial e chegando a Diassis de
Bibi. Não nos acovardemos neste caminho inverso de amanhã melhor ou de melhores
dias e não vamos somente querer apagar as pegadas e ganhar uma parede borrada,
num viver de faz de conta, mas fiquemos ligados sim!
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