A
rede de proteção social que inclui programas de transferência de renda dos
governos federal e estaduais tornou menos dramáticos os impactos da seca no
cotidiano da população do Nordeste, mas ainda é incapaz de impedir que a
economia local entre em verdadeiro colapso durante períodos de longa estiagem.
A avaliação é de pesquisadores e autoridades ouvidas pela reportagem, que
identificou em Pernambuco, Bahia e Alagoas uma realidade atenuada, porém, ainda
bastante difícil para o sertanejo que enfrenta a maior seca das últimas décadas
na região.
Na
terça-feira passada, em visita a Fortaleza (CE), a presidente Dilma Rousseff
afirmou que, graças às ações de seu governo e do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, “a face da miséria nessa região não foi acentuada tão perversamente
pela estiagem”.
Para
o professor João Policarpo Lima, do Departamento de Economia da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), a aposentadoria rural e projetos como o Bolsa
Família e o Bolsa Estiagem dão às famílias do campo, de fato, uma alternativa à
produção agrícola quando as condições climáticas ficam desfavoráveis. Mas a
quebra de safras e a morte de rebanhos provocam efeitos duradouros na economia
local.
A
estimativa é que a estiagem provocou no Estado governado por Eduardo Campos
(PSB), possível presidenciável em 2014, a redução de 710 mil cabeças de rebanho
bovino – sendo que 150 mil morreram e o restante foi abatido precocemente. A
bacia leiteira estadual sofreu queda de 72% na sua produção.
Na
passagem por Fortaleza, Dilma anunciou pacote de R$ 9 bilhões para medidas
emergenciais de enfrentamento da seca no Nordeste. Porém, prefeitos de
municípios do semiárido baiano e produtores agrícolas do Estado lamentaram o
que chamaram de “superficialidade” das ações anunciadas pela presidente durante
reunião da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Os
administradores das cidades afetadas pela estiagem, liderados pela União dos
Municípios da Bahia (UPB), resolveram criar um “Movimento dos Sem-Água” e
prometem marchar até Brasília para cobrar “medidas objetivas e duradouras” para
enfrentar a crise.
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