terça-feira, 7 de janeiro de 2014

RECORTES, RETOQUES E RETALHOS



(Maciel Souza)

De aplausos que valem pouco
Com força, muito aguerrido
Em plumas, sentindo pena
De ódio destituído
Fazendo certos recortes
Só com sentimentos nobres
Vivendo nenhum delírio.

Parando sobre as paragens
De retoques indecentes
Nos preços que mais devoram
Depois dos entorpecentes
Abundante e com carência
Parte preso à consciência
Por invisíveis correntes.

Flagrado em sombras à noite
Relatos descomunais
Julgado agora em retalhos
Por forças tão desiguais
E por votos sem minervas
Lançado por entre as trevas
Para outros rituais.

Confesso na guilhotina:
“Sinto-me preso assim
Venci todos os meus não
Sou escravo dos meus sim.
Errei por não desviar
De quem veio atrapalhar
O que só sonhei pra mim.”

Ao relento e dos açoites
Ouviu longa escuridão
Viu perto o cheiro da dor
Sozinho na multidão
Pra vida fez-se escória
Perdeu a lenta memória
Pra ter o peso do chão.

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