Pesquisa
feita com jovens que terminaram o ensino médio mostra que há uma desconexão
entre o que é ensinado nas escolas e os conhecimentos e habilidades exigidos na
vida adulta. A pesquisa Projeto de Vida – O papel da Escola na Vida dos Jovens,
da Fundação Lemann, foi apresentada em seminário que debate a base curricular
nacional comum para a educação básica.
A
análise dos resultados mostra que falta aos jovens competências básicas em
comunicação, raciocínio lógico e tecnologia. Também foi constatado que há
dificuldades de interpretar o que leram, de se expressar oralmente e de
construir argumentos consistentes. Além disso, os entrevistados sentem
dificuldades para escrever textos do dia a dia, como um e-mail, e enfrentam
problemas com a concordância e ortografia.
Foram
entrevistados jovens que concluíram o ensino médio – 80% de escolas públicas –
que ingressaram recentemente no mercado de trabalho, na faculdade, além de
professores, empregadores, especialistas em educação e organizações não
governamentais que atuam na formação e orientação de jovens.
No
campo do raciocínio lógico, a pesquisa mostra que os jovens não dominam
conteúdos básicos da matemática, têm dificuldades com estimativas de valores,
com cálculos de descontos e reajustes e para ler planilhas e gráficos.
Jovens
ouvidos relataram que já erraram ao passar troco a clientes e que saíram da
escola sem noções básicas de informática, o que dificultou a entrada no mercado
de trabalho. “Apesar de extensos, ainda falta aos currículos conteúdos e
habilidades que são essenciais para a vida adulta”, diz a pesquisa.
Ela
aponta que a base curricular nacional comum para a educação infantil,
fundamental e média, em discussão no Ministério da Educação, é uma oportunidade
de diminuir a desconexão entre o que é ensinado na escola e o que o jovem
realmente precisa aprender.
O
diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, avalia que a base comum pode
contribuir para que a escola abandone o papel de ser apenas um transmissor de
conteúdo e prepare o estudante para que ele tenha bom desempenho nas atividades
da vida cotidiana. “Nosso grande desafio na construção da base comum é escolher
o que é essencial, não o mínimo, e não se limitar a listagens, mas ir além e
mostrar como as disciplinas se conectam, como agregar a isso as habilidades do
século 21, ser mais investigativo, mais crítico”, disse...