O GLOBO: A crise atingiu produtos essenciais. A indústria de alimentos cortou a produção em 6,2% em julho, contribuindo para a produção industrial despencar 1,5% frente a junho, o maior corte desde dezembro do ano passado. A fabricação de açúcar, carne, suco de laranja, chocolate, biscoitos e leite em pó diminuiu e fez a queda na indústria ser bem superior às estimativas médias, que eram de recuo de 0,1%. Foi o pior mês de julho desde 2013, quando o tombo chegou a 3,6%.
— O consumo doméstico lento por causa do aumento da taxa do desemprego, renda menor e aumento do nível de preços afetam claramente o consumo das famílias. Além, é claro, do crédito mais caro, mais restrito e mais seletivo na concessão, que traz um fator adicional para justificar esse menor ritmo da produção industrial — afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
A indústria alimentícia também reduziu produção frente a julho do ano passado. O recuo de 7,2% responde à redução do volume de vendas nos hipermercados, que estão sofrendo com o desemprego em alta e a corrosão de salários pela inflação. Segundo Leonardo Carvalho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os estoques estão elevados diante da queda nas vendas no varejo:
— Não há como a produção do setor ficar imune à recessão que estamos vivendo.