sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Delcídio interrompe depoimento após saber de críticas de Lula

O senador Delcído Amaral (PT-MS) interrompeu o depoimento à Polícia Federal (PF) na quarta-feira, após saber das críticas que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula teria dito que foi uma “grande burrada” as tentativas de Delcídio de impedir que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró o delatasse. Segundo a GloboNews, assim que mostraram as declarações de Lula, Delcídio se “descontrolou completamente”, e o advogado do senador teve que interferir, o que suspendeu o depoimento.

No depoimento, o senador negou que tenha procurado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a libertação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. E disse que apenas prometeu ajudar, para dar palavras de conforto ao filho dele, Bernardo Cerveró. Questionado se tinha interesse na soltura do ex-diretor da Petrobras, preso em Curitiba em decorrência da Operação Lava-Jato, Delcídio respondeu que sim, mas por motivos pessoais, por já ter trabalhado com ele na Petrobras e por presumir o sofrimento pessoal que vinha sofrendo. Em resumo, por “questões humanitárias”. As informações são da “Globo News”, que teve acesso ao termo do depoimento. Ele confirmou participação em reuniões gravadas.

Delcídio foi preso na quarta-feira, por tentar atrapalhar a investigação da Lava-Jato. Em reunião ocorrida em 4 de novembro, Delcídio prometeu a Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, ajuda para libertar seu pai, preso em Curitiba. Também prometeu dinheiro e auxílio para que ele fugisse para a Espanha. Bernardo gravou a conversa e depois entregou o áudio à Procuradoria Geral da República (PGR).

— Agora, agora, Edson (Ribeiro, advogado de Cerveró), Bernardo, é, eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori (Zavascki, ministro do Supremo), conversei com o (ministro Dias) Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar (Mendes, outro ministro do STF). O Michel (Temer, vice-presidente da República) conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o (ex-diretor da Petrobras Jorge) Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também — afirmou Delcídio na conversa gravada.

Na quinta-feira, questionado sobre isso, Delcídio disse que apenas prometeu conversar com os ministros, mas não o fez. Segundo o senador, foi Bernardo quem pediu ajuda para libertar o pai. Delcídio também disse no depoimento que procurar ministros do STF seria infrutífero. A respeito da citação a Michel Temer, ele afirmou que tinha informações de que o vice-presidente seria próximo a Zelada, que também foi preso durante as investigações da Lava-Jato. Questionado que relações próximas seriam essas, Delcídio não quis se manifestar.

SENADOR NEGA RELAÇÃO COM PASADENA

O senador também negou relação com o negócio da compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Existe a suspeita de que ele tenha recebido propina pelo negócio. Mas Delcídio sustentou que na época, em 2006, era presidente da CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão. Assim, sofria resistências tanto do governo federal como do PT.

Delcídio afirmou que conhece o advogado Edson Ribeiro, que aparece na gravação participando da negociação em que o senador tenta comprar o silêncio de Cerveró. O senador diz que foi procurado por Edson porque o advogado tinha créditos a receber da Petrobras. Era a estatal que pagava a defesa dos diretores e ex-diretores investigados na Lava-Jato.

No depoimento, Delcídio disse que conheceu Cerveró em 1999. Na época ele foi indicado para a diretoria de Gás e Energia da Petrobras, onde Cerveró tinha um cargo de gerência. Em 2002, Delcídio foi eleito senador pelo Mato Grosso do Sul. Ele relata que, no ano seguinte, a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, hoje presidente da República, o consultou sobre a indicação de Cerveró para a diretoria da Área Internacional da Petrobras. Delcídio foi favorável, mas afirmou que Dilma já conhecia Cerveró da época em que ela era secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul (1999-2002).

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