sábado, 16 de janeiro de 2016

País vive ‘um dos momentos mais críticos’ devido à microcefalia, diz ministro

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou nesta sexta-feira que o Brasil vive “um dos momentos mais críticos de toda a história” por causa da microcefalia, malformação possivelmente causada pelo vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti. Na última terça-feira, a pasta informou que 3.530 casos suspeitos de microcefalia foram registrados no país.

— Estamos em estado de emergência em saúde pública e a última vez que isso foi decretado no país foi em 1917 quando da gripe espanhola e agora com a microcefalia causada por esse vírus zika — disse o ministro em visita ao Instituto Butantan, na capital paulista.

Castro anunciou que o ministério vai dar o apoio necessário para que o Butantan desenvolva em “tempo recorde” a vacina contra o zika.

— A vacina para zika é prioridade absoluta na luta contra a microcefalia. Vamos desencadear um processo rápido de desenvolvimento dessa vacina porque o problema é da mais alta gravidade.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, a expectativa é de que a vacina possa ser registrada em um período de 3 a 5 anos, considerado um tempo curto. Kalil ressaltou que o tempo de desenvolvimento normal de uma vacina é de 10 a 12 anos.

— Eu acredito que se nós conseguirmos cortar todos os passos em três anos nós podemos ter alguma coisa. Em vias normais, com algum atraso que nós possamos ter, estamos falando em cinco anos. Mas isso são termos bastante rápidos.

Segundo o ministro, os laboratórios do Instituto Evandro Chagas, no Pará, e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), do Rio, também estão em busca de parcerias com instituições científicas para a futura produção de uma vacina no país contra a doença. Mas, enquanto a vacina não fica pronta, o ministro diz que a única maneira de combater o vírus é destruindo os criadouros do mosquito.

— Hoje nós só temos uma arma para combater o vírus zika: é destruindo os criadouros do mosquito Aedes Aegypti. E esses criadouros estão em sua grande maioria dentro das residências. Para isso, precisamos da mobilização de toda a sociedade.

Durante a coletiva de imprensa, Castro também anunciou que o ministério da Saúde vai distribuir um teste rápido de diagnóstico capaz de identificar por exame de sangue se uma pessoa está infectada com o vírus zika, dengue ou febre chikungunya em meados de fevereiro. Sobre o número de testes a serem disponibilizados o ministro se limitou a dizer que serão distribuídos “quantos forem necessários.

DISTRIBUIÇÃO DE REPELENTE

Em dezembro do ano passado, o ministro da Saúde havia afirmado que o governo federal iria distribuir repelentes para mulheres grávidas para evitar as picadas do mosquito. Na ocasião, Castro disse que o Exército seria responsável pela produção dos repelentes. Nesta sexta-feira, no entanto, ele afirmou que a produção do repelente em larga escala não será concretizada.

— O Exército nos passou a informação de que tinha um laboratório que produzia repelente para os soldados brasileiros e deu a entender que teria capacidade de desenvolver isso para o Brasil. Qual é a conclusão que nós chegamos? O Exército e todos os laboratórios do país que nós consultamos não estão preparados para desenvolver essa quantidade de repelente que nós precisamos de imediato.

O ministro afirmou que a ideia é distribuir os repelentes para “muitas gestantes”, mas os critérios como os locais onde os produtos serão oferecidos ainda não foram estabelecidos.

VACINA DA DENGUE

O ministro também afirmou que ainda está avaliando a possibilidade de compra da vacina da dengue da farmacêutica francesa Sanofi Pauster, que recebeu o aval da Anvisa no mês passado. Na segunda-feira, ele já havia apontado problemas na compra da vacina, que além de cara (R$ 300 por pessoa) precisa de três doses para ter eficácia.

— Isso é uma decisão que ainda não foi tomada, mas a gente vê com muita esperança a vacina desenvolvida pelo Butantan. Porque é uma vacina que tem uma cobertura imunológica bastante elevada e é uma dose só. Então, a gente vê com bastante otimismo.

O Butantan estima ter a vacina contra a dengue disponível em 2018.

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