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Segundo o ancião informante, por volta de 1802, o seu bisavô juntamente
com outros fazendeiros denunciaram os índios cariris. Esses fazendeiros estavam
chateados com os insistentes ataques dos nativos aos seus rebanhos. Por isso,
prestaram queixa ao governo da província da Paraíba, exigindo dele urgente
providência, porque não estavam suportando mais a presença daqueles nativos em
suas propriedades.
Na ocasião, os proprietários da fazenda Japi de Dentro alegaram às
autoridades paraibanas que além dos índios estarem destruindo os rebanhos das
fazendas, também representavam uma ameaça e medo aos fazendeiros e seus
familiares. E, atendendo às solicitações dos proprietários, as autoridades da
Paraíba, que também naquela época ainda conservavam vivo o espírito invasor e
destruidor das guerrilhas dos bárbaros, agiram imediatamente enviando um
batalhão de policiais, o qual veio bem armado e comandado por um tenente filho
do fazendeiro (mencionado na seção conhecedor
daquela região, porque ali ele fora criado.
Segundo o informante, a tropa enviada pela província era composta por
aproximadamente 250 policiais, vindos todos da Paraíba. Além do tenente,
contaram também com o auxílio de alguns proprietários de localidades próximas,
de jagunços e de um índio[1]
manso, que pertencera à mesma tribo.
Por causa da contribuição do “índio manso”, que foi
guiando, ensinando, onde, quando e como deveriam fazer para pegarem todos os
índios de surpresa, o ataque ocorreu subitamente sem chance para os nativos se defenderem e nem sequer fugir. Pode até
ser que algum deles tenha escapado, porém não temos concretas informações
disso.
Sítio Arquelógico do boqueirão de Japi no Rio Jacú
A estratégia que os fazendeiros e as autoridades da Paraíba usaram para
destruir os índios foi parecida com a maneira usada pelos colonizadores, fato
esse já mencionado antes nesse capítulo, que ficou conhecido historicamente
como “Guerra dos Bárbaros”: ação cruel, desumana e radical. Segundo o
informante, esse massacre dizimou aproximadamente dois mil nativos da tribo
cariri, que moravam no Boqueirão, às margens do rio Jacu.
O informante detalhou que os cariris se encontravam dormindo, quando o
tenente apontou uma arma em direção a uma rede que estava pendurada entre
alguns “ganchos” de uma grande craibeira que se encontrava no meio do rio Jacu,
na qual estava o cacique Xatau. Em poucos segundos: um tiro,
dois tiros. O cacique caiu morto no tronco da craibeira. Esse índio, além de
cacique, era um vigilante da tribo.
Enquanto os índios se levantavam tonteados e assustados, os soldados
iam fazendo o cerco e deixando um amontoado de mortos. Assim, como tudo foi bem
planejado, após matarem o cacique, mais de 50 soldados, bem armados com fuzis,
garruchas e espadas, ficaram posicionados atrás das pedras próximas ao local
onde se encontravam as armas dos índios, só esperando a chegada dos nativos,
pois, com certeza viriam pegá-las. De fato, próximo a esse local foram mortas
centenas de cariris. Soldados, em cima de árvores, atrás de pedras, de troncos
de árvores e bem posicionados, fuzilavam e matavam os que tentavam escapar do
cerco. Enquanto isso, o tenente dava ordem para outro grupo de militares atacar
e avançar em direção aos índios.
O massacre do Boqueirão[1]
começou ao “quebrar da barra” (ao amanhecer), logo depois que o índio manso
roubou todas as armas da tribo, as quais ficavam guardadas numa loca de pedra
durante a noite, e findou na parte da tarde, quando o sol já se encobria por
trás do imenso paredão da serra, que se estende na direção do poente.
Os soldados já estavam se reunindo para ir embora quando de repente
perceberam algo correndo entre as pedras: era uma pequena e, talvez, única
sobrevivente índia que corria desesperada pulando as pedras do rio Jacu,
perseguida pela guerrilha que acabara de exterminar seu povo; ela na sua
desesperada corrida lembrava as águas do Jacu quando tudo era paz. Agora estava
ali, sozinha, acossada. Sua família, o pajé, seus amigos, todos mortos. Seus
passos diminuíram. Sentia-se cansada. Até que a tropa a encontrou caída numa
loca de pedra. O tenente que era parente do fazendeiro e
que comandou o massacre resolveu levá-la com vida. Quando ele aproximou
a mão no ombro da jovem nativa, foi surpreendido com uma violenta mordida
desferida pela índia. Essa mordida foi tão forte que o dedo polegar da mão
esquerda do tenente foi decepado e caiu em seus pés. Nesse instante, o tenente
trêmulo e transtornado de dor puxou a espada da bainha, e com ela feriu a
jovem, matando-a a golpes, no meio do rio Jacu, aquela corajosa índia da tribo
cariri que habitava no Boqueirão, situado entre as serras do Japi de Dentro.
Cariry – grupo étnico que outrora ocupou grande extensão do Brasil, da
Bahia para o norte de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Cariry
é o mesmo que Kiriri, que significa: silencioso, calado (SOARES, 1930).
O RIO JACU
O rio Jacu é um dos maiores rios da Microrregião da Borborema Potiguar.
Ele nasce na Serra dos Cariris Velhos, na Paraíba. Seguindo seu curso na
direção do nascente, o rio desce de serra abaixo passando pelo Boqueirão, que
fica entre a Serra Grande e Serrinha, e um pouco mais de três quilômetros à
frente, chega à cidade de Japi, cortando-a em duas partes, ficando a maior
parte da área urbana à direita do rio.
Continuando o seu trajeto, o rio Jacu vai jogar suas águas no grande
açude Japi Segundo. Depois corta os municípios de Tangará e São José do
Campestre e chega à localidade de Picos, no município de Nova Cruz. Prosseguindo
chega até a área do Umbuzeiro e segue seu curso pelas terras de Santo Antônio
e, seguindo seu caminho chega a localidade de Espírito Santo, onde logo a
frente despeja suas águas na Lagoa de Guaraíras, que fica na beira do Oceano
Atlântico, numa área que pertence ao município de Goianinha, no Estado
potiguar.
O rio Jacu recebeu esse nome devido à grande quantidade de pássaros
chamados Jacus[1], que
existiam em todo o seu vale, principalmente na área que atualmente pertence ao
município de Japi, sendo as localidades de Boqueirão de Baixo e de Boqueirão de
Cima as mais povoadas por essa espécie. O rio Jacu foi a principal razão do
surgimento da cidade de Japi. Por isso, é que se diz continuamente: Japi
depende do Jacu e o Jacu de Japi.
Antigamente todas as comunidades que
se constituíram nesta região dependiam diretamente do rio, para usufruir de sua
água, para alimentar-se e sobreviver.
A poluição do rio Jacu
A poluição do rio Jacu, por parte dos japienses
que moram na zona urbana, teve seu início exatamente na década de 1990, e
deu-se principalmente por causa de dois fatores: a chegada da água vinda da
adutora Monsenhor Expedito e a falta de saneamento básico. Há outras causas que
contribuem para o aumento da poluição do rio: lixos que jogam em suas margens;
esgotos que correm para dentro dele formando lagoas poluídas que vivem abertas,
poluindo atmosfera e principalmente os lençóis freáticos. Antes as algarobas[1]
cobriam todo o leito do rio. Agora, há quem plante capim para alimentar gados
(bovino, caprino, ovino), contaminando assim a carne e o leite desses animais.
É preciso de fato
haver uma mudança de consciência e de atitudes por parte das autoridades
competentes: chefes de igrejas; diretores de escolas e professores;
representantes dos poderes executivo e legislativo; líderes sindicais e
comunidade em geral.
Portanto, é de
fundamental importância que haja uma política de conscientização com o propósito de preservar este rio,
historicamente simbólico para Japi.
Cabe a cada um,
que mora nas proximidades de sua margem, zelar por esse grande bem natural. Não
praticar nem permitir que outros pratiquem ações criminosas, como: jogar lixos
em suas encostas, drenar ou permitir que outros drenem esgotos para dentro dele,
e não deixar que árvores, como algaroba, capins e outras espécies, invadam o
leito e a margem do rio.
É responsabilidade do poder público buscar soluções mais eficazes, tais
como: saneamento básico, construções de piscinas cépticas e formas alternativas
de reciclagem de lixos. Com isso, poderá abrir uma porta para o desenvolvimento
sustentável no município de Japi e proteger, sobretudo, o meio ambiente.
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