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Vaticano anunciou nesta segunda-feira que o ex-arcebispo polonês Jozef
Wesolowski vai ser julgado no próximo dia 11 de julho por abuso de menores.
Wesolowski, que foi núncio (embaixador) da Igreja Católica na República
Dominicana entre 2008 e 2013, será o primeiro padre da história a ser julgado
por crimes sexuais pelo próprio sistema judiciário do Vaticano.
"O
presidente do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, Giuseppe Dalla Torre
del Tempio di Sanguinetto, com o decreto do dia 6 de junho, acolheu o pedido do
escritório do Promotor de Justiça e determinou o julgamento do ex-núncio
apostólico na República Dominacana Jozef Wesolowski", afirmou o Vaticano
em comunicado. "O ex-prelado é acusado de vários delitos, cometidos seja
durante sua estadia em Roma desde agosto de 2013 até o momento de sua detenção
[em 22 de setembro de 2014], seja no período transcorrido na República
Dominicana, durante os cinco anos em que desempenhou o cargo de núncio
apostólico", explicou o Vaticano.
Wesolowski
foi nomeado núncio na República Dominicana e delegado apostólico em Porto Rico
no dia 24 de janeiro de 2008. Depois que os escândalos vieram à tona, ele
renunciou a ambos os cargos no dia 2 de agosto de 2013. Ainda de acordo com o
comunicado, a Justiça da República Dominicana enviou transcrições de relatos e
depoimentos de testemunhas comprovando que o ex-núncio cometeu abusos contra
menores no país.
Segundo
o Vaticano, a Justiça poderá utilizar "perícias técnicas em equipamentos
informáticos usados pelo acusado" ou "formas de cooperação
internacional para a avaliação das provas testemunhais procedentes das
autoridades dominicanas". Em setembro do ano passado, Wesolowski foi
submetido à prisão domiciliar em Roma como medida cautelar por expressa decisão
do papa Francisco devido "às graves acusações de abusos de menores na
República Dominicana".
Pena
- Se condenado, Wesolowski pode pegar até doze anos de prisão. Como o Vaticano
não dispõe de um presídio, o ex-arcebispo pode cumprir sua pena em uma cadeia
da Itália, em um acordo entre a Santa Sé e o sistema penitenciário italiano. O
Vaticano possui um sistema judiciário formal desde 1889, mas estava
desatualizado e por isso foi alterado a pedido do papa Francisco, em 2013. Hoje
a Justiça do Vaticano inclui uma série de convenções das Nações Unidas que o
Estado assinou ao longo dos anos. O novo Código Penal do Vaticano adotou especificidades
como lavagem de dinheiro, crimes sexuais, e de violação de confidencialidade e
privacidade. A prisão perpétua foi abolida pelo papa Francisco, também em 2013,
a pena máxima da Justiça do Vaticano é de 35 anos de prisão.
Além
do processo penal que enfrenta no Vaticano, tanto a Justiça polonesa como a
República Dominicana apresentaram acusações contra o ex-núncio por pedofilia. O
escândalo veio à tona após uma reportagem da jornalista Nuria Piera, que
assegurava que Wesolowski pagava para manter relações sexuais com menores
dominicanos.
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