Segundo EDSON, (2018, Pp.
21-25), explica com detalhe a formação da sociedade urbana de Japi.
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3.4.1
Os primeiros habitantes
Há muitos anos atrás, o maior folclorista brasileiro, o escritor
potiguar Luís da Câmara Cascudo, fez a seguinte descrição, no que diz respeito
aos primeiros colonizadores das terras japienses:
Foi às margens do Rio Jacu, a exemplo de muitos outros
povoados, que surgiu o pequeno núcleo de moradores, com a presença dos Capitães
Júlio Borges de Góis e Manuel Pereira, concessionários de sesmarias para a
exploração da área, no ano de 1716. A história da região mostra que vários
proprietários, ao longo dos anos, tiveram a responsabilidade de desenvolvê-la.
Em 1724, o proprietário da área que compreendia do Rio
Trairi ao Jacu era o Sr. Antônio Moreira Paiva, em 1731, de acordo com os
registros, o Sargento-Mor Manuel Palhares Coelho e o Capitão Dionísio Borges da
Fonseca possuíram seis léguas nos providos de Japi de Fora, incluindo o poço
Santo Antônio. No ano de 1734, a área do Rio Jacu, incluindo as Cachoeiras de
Japi de Baixo e o Jacu de Cima, pertenciam a Pedro Gonçalves Esteves.
A localidade, que era fazenda desde 1784,
desenvolveu-se com grande movimentação pastoril agrícola... (CASCUDO, 1996, p.
55).
Segundo o senhor “Bajau”, no final do século XVIII,
por volta de 1795 habitavam na localidade de Japi, as margens direitas do Rio
Jacu ao Boqueirão de Cima, alguns proprietários: Zé de Góis, O Cruz, Adelino e
outros, os quais permaneceram nessa região por poucos anos. Abandonaram as
terras por causa das longas estiagens; das doenças; das onças e outros mais.
Esses pequenos proprietários não deixaram nenhum descendente ou parente.
Vale ressaltar, que como já foi mencionado em seções anteriores, há
alguns registros afirmando que foi no nordeste da região do município,
principalmente na localidade do Salgado, que se instalaram as primeiras
fazendas as quais permaneceram habitadas até hoje. No sul, onde fica a zona
urbana, a mais de duzentos e trinta anos atrás, só viviam e caminhavam nesta
área os índios cariris ou Tapuios,
que viviam amontoados no Boqueirão de Cima, numa localidade que ainda é
conhecida pelo nome de Japi de Dentro, no Boqueirão de Cima. E, provavelmente, isoladamente,
alguns nativos, caçadores indígenas, se arriscavam descendo rio abaixo indo
próximo à localidade do Salgado, até ao Boqueirão de Baixo.
Convém
dizer, que de 1716 a 1834 a única área do município habitada com
formação de pequenas fazendas foi a localidade do sítio Salgado, vindo até o Boqueirão
de Baixo. Todavia, durante esse período havia um grande temor por parte das
pessoas, quando se tratava de passar o Boqueirão de Baixo em direção ao
Boqueirão de Cima, onde vivia a tribo dos índios cariris. Para tanto, as
pessoas que viveram no sítio Salgado nesse período achavam que em toda a área
das margens do rio Jacu, a saber, de um Boqueirão a outro poderia encontrar
algum caboclo[1]. Mesmo
depois da destruição da tribo, fato esse que ocorreu no início do século XIX.
Por volta de 1840 a 1870, um fazendeiro que era conhecido por Costa
possuiu um pedaço de terra nesta localidade. Ele era parente de Pedro Tolentino
da Costa e de Miguel Lourenço da Costa. Miguel Lourenço trabalhou na fazenda
desse senhor durante algum tempo.
É evidente que o povoamento de Japi especialmente da zona urbana teve seu início, efetivamente, a partir
de 1855, quando aqui chegou o grande desbravador Miguel Lourenço. Ele e sua
companheira (esposa), Josefa Lourenço enfrentaram
e venceram todas as dificuldades da região: secas, enchentes, epidemias, fome,
animais ferozes etc. Apesar de todos esses obstáculos, eles foram perseverantes
e persistentes. Criaram nove filhos os quais começaram a povoar toda área de
Japi, constituindo hoje, os seus descendentes, a maior família em número desta
cidade.
Em 1878, veio para a Nlocalidade de Japi Pedro Tolentino da Costa. Ele
possuiu as terras que ficam à esquerda do rio Jacu, ao oeste da cidade.
Enquanto as que ficavam ao leste pertenciam ao posseiro e grande desbravador
Miguel Lourenço.
Em 1889 veio do Sertão para esta
localidade a família Geraldo. Três
rapazes dessa família se casaram com três filhas de Miguel Lourenço; em 1891
chegou a família Catarina, e
Gonçalo. Também, membros dessas duas
famílias se casaram com filhos de
Miguel Lourenço, os quais fixaram residência aqui, contribuindo assim para o
crescimento do povoado; em 1895 veio do sertão um jovem da família Dantas e se casou com uma das filhas
de Miguel Lourenço. Esse homem era avô de Ezequias Dantas e pai do saudoso
Severino Barbosa, pai de Antônio Barbosa; em 1898 veio a família Pedra; em 1902
veio para a localidade de Japi o patriarca da família Medeiros, Manoel José de
Medeiros. Ele se casou com Torquata Leopoldina da Costa, filha de Pedro
Tolentino da Costa. Desse matrimônio surgiu a ilustre família Medeiros.
Em 1905 João Batista Confessor de Oliveira veio morar também nesta
localidade e, aqui, ele tentou desenvolver o comércio, construiu sua família,
deu início à primeira rua de Japi. (Rua Manoel Medeiros)
E, segundo sua filha Francisca Confessor, no ano de 1932 foi embora para
a Paraíba, onde morreu e foi sepultado.
Aos poucos o povoado ia crescendo. Tanto, que em 1910, já existiam
dezoito casas, embora fossem de taipas, espalhadas, desordenadas, próximas a
pequenos “roçados”, tendo ao arredor de cada uma delas pequeno arvoredo. Em
1911, veio a família Cassiano.
O povoado de Japi só começou a se desenvolver realmente no início da
primeira metade do século XX, por volta de 1915 quando
o proprietário Pedro Tolentino da Costa e o seu genro,
Manoel José de Medeiros transformaram quase todas as suas propriedades em
campos de algodão, o que fez com que viessem muitas
famílias para esta terra. Isso, de fato foi o que fundamentou, estruturou e
determinou a formação da cidade. Por causa da grande movimentação de
tropeiros e da grande produção do algodão que estava em ascendência proporcionando
e garantindo uma economia geradora de emprego as pessoas nesta localidade, no
início do século XX, por volta de 1920, já existiam muitas casas, todas
próximas à área em que se encontra a cidade de Japi. Entre essas casas, algumas
pertenciam a fazendeiros que tinham pequenas propriedades próximas a este povoado.
Em 1918, a senhora Iria veio para Japi com toda a sua família. Por
causa do aumento da produção de algodão começaram a surgir perspectivas e
várias oportunidades na região. A partir daí, muitas pessoas de localidades
vizinhas começaram a vir morar nela. Em 1920, mais quatro famílias vieram para
o povoado de Japi: os Vaginovas, os
Dantas, os Ciprianos e os Beneditos. Na década de 1950 chegou a família Luiz,
os pais de Mariana e de Maria Luiz, avó de Hébeson Cleber Clementino, depois
chegaram outros: os Brimudos, os Fagundes.
E outros mais. Com a chegada dessas famílias e o grande fluxo de tropeiros
que passavam por esta região, foi possível prever que esse povoado, em alguns
anos, ia se tornar uma cidade.
Convém lembrar que, antes de
1922, quase todas as casas que existiam no povoado foram construídas de barro e
madeiras (casas de taipas), com exceção das quatro mais antigas: os dois
casarões que Pedro Tolentino fizera em suas fazendas: a casa que fica na
fazenda do senhor Tota Medeiros e a “Casa do Sótão da Ubaia” onde trabalha
Aristides Nicolau, a que morou Napoleão Vaginova, que ficava perto das Pedras
de Zé Medeiros e a casa velha que foi de Zuca Confessor, na qual quem mora
atualmente é o senhor Minel.
No início da década de 1940, chegaram aqui outras importantes famílias:
os Nicolaus, os Lopes, os Pontes, os Borges, os Teotônios, os Gomes, os Chicós, os
Gambeus, os Aprígios e outras. A
partir daí a localidade e o número de habitantes começaram a crescer
expressivamente e, então, começou-se a organizar a cidade, tendo à frente de
tudo isso o coronel, Manoel José de Medeiros, Josefa de Araújo Lima, e João Batista Confessor de Oliveira. Josefa Araújo, tentando organizar a saúde, a religião, a educação, a justiça e
eventos sociais; João, a rua e seus comércios; Manoel Medeiros, a agricultura,
a pecuária, e a sustentabilidade econômica, que foi o fator principal para
gerar emprego e renda e a vinda de muitas pessoas, cujas contribuíram muito
para povoar esta localidade, o que gerou o
processo de imigração na região.

Em 18 de maio de 1959 ocorreu a Emancipação Política de Japi, sendo
nomeado para o cargo de prefeito, o senhor José Matias e logo depois, Josefa de
Araújo Lima[2].
Vale ressaltar que a cidade de Japi, depois de sua Emancipação
Política, não tem demonstrado grandes avanços até os dias atuais. Para
comprovar isso, é necessário tomarmos como base referencial o IDHM (Índice de
Desenvolvimento Humano dos Municípios), mediante o qual iremos constatar que da
década de cinquenta até os dias atuais, o nosso município permanece numa faixa
de desenvolvimento muito baixa, se compararmos com outros municípios do nosso
Estado, como: Santa Cruz, Parelhas, São Vicente, Passa e Fica e outros.
[1]
Caboclo era o nome que as pessoas que viveram nessa localidade e nesse tempo,
usavam quando se referiam aos nativos (os índios), que viviam no Boqueirão de
Cima, próximo à fazenda Japi de Dentro.
[2] José Matias e Josefa de Araújo foram nomeados provisoriamente para o
cargo de prefeitos de Japi em 18 de maio de 1959. Josefa exerceu este cargo por
um período de quatro meses. De setembro a 31 de dezembro de 1959. De 1º de
janeiro de 1960 a 1963 quem exerceu o cargo de prefeito foi o senhor Pedro
Tolentino de Medeiros. Prefeito eleito pelo voto direto.
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